"Já agiu com extrema frieza", diz delegado sobre caseiro Wanderson
Cleiton Lobo foi o responsável por colher o depoimento, que durou quatro horas, do suspeito que se entregou à polícia neste sábado
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O delegado responsável por colher o depoimento de quatro horas do caseiro Wanderson Mota Protácio, que é suspeito de cometer três assassinatos e se entregou à polícia neste sábado (4), afirmou ao programa Cidade Alerta, da Record TV, que o criminoso confessou os crimes e “já agiu com extrema frieza”.
"Ele já agiu com extrema frieza. Ele quer justificar que o ato foi decorrente de uma crise sob efeito de drogas e que, na verdade, foi em razão de uma alucinação que ele cometeu esse crime. Mas nós não acreditamos nessa versão. Na verdade, é uma justificativa ou tentativa de justificar os crimes cometidos, em especial contra a esposa e a enteada", afirmou o delegado Cleiton Lobo.
Wanderson se entregou à polícia na manhã deste sábado (4) em Gameleira de Goiás (GO). O caseiro é suspeito de matar a mulher, que estava grávida, a enteada e um fazendeiro. A série de assassinatos ocorreu em 28 de novembro, mas o caseiro já tinha respondido pelo homicídio de um taxista em Minas Gerais e pela tentativa de feminicídio de uma ex-companheira em um município goiano.
Momento da prisão
A Polícia Civil foi informada na manhã deste sábado que o caseiro estava disposto a se entregar. O delegado disse que o policial responsável achou, num primeiro momento, que se tratava de um trote, mas seguiu até o município goiano para checar a informação.
"A polícia foi acionada para comparecer a Gameleira de Goiás e ao destacamento policial após ser dito que Wanderson estava ali se apresentando. Eu conversei com o policial, ele foi ouvido e nem acreditava que isso poderia estar acontecendo, que seria um trote, mas, como estava na viatura com outro colega, se deslocou até a cidade e comprovou a situação", contou.
"Chegando ali, o Wanderson, que já estava com o casal [fazendeira que convenceu o caseiro a se entregar à polícia e o companheiro] no veículo, colocou a arma e as munições no porta-luvas. Na verdade, entregou para a fazendeira e o marido, depois indicou para o policial, que prendeu a arma e fez revista pessoal nele. Já estava começando a juntar pessoas ali e, até para resguardar a integridade do indivíduo, o trouxeram para a regional", acrescentou.
Depoimento
"Ele confessou toda a prática dos crimes, dando detalhes de como aconteceu e a motivação. Segundo ele, naquele dia, domingo 28, ele teve uma discussão com a esposa por ciúme das primas delas, em razão de estar conversando com essas primas. Ele tinha feito uso de drogas e, nesse momento, ele atirou o copo no chão e ela [a esposa] pegou uma faca. Isso foi tudo na cozinha. Ela foi pra cima dele, ele empurrou e ela caiu e desmaiou com a queda. Ele pegou a faca e desferiu um golpe no pescoço", informou o delegado.
No depoimento, o caseiro conta que a enteada estava presente na cozinha. "Depois de ter feito isso, ele desferiu um golpe no peito da criança. Ele abaixou a cabeça, não deu motivo, o motivo que ele disse foi que estava cego e transtornado por causa da droga", disse Lobo.
O delegado disse ainda que, após o cometimento desses dois crimes, Wanderson foi para a sede da fazenda onde trabalha e roubou um revólver calibre .38 e uma caixa de munições. De lá, seguiu para uma chácara vizinha na tentativa de roubar um automóvel que o ajudasse na fuga, mas sem sucesso.
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"Chegando a essa chácara, foi atendido por um homem; disse que estava com sede, e lhe ofereceram um refrigerante. Depois de ter tomado o refrigerante, anunciou o assalto, e as pessoas, segundo ele, reagiram e foram para cima, entrando em luta corporal. Ele caiu no chão e disparou contra a vítima, atingindo-a no pescoço. A mulher, mesmo após o marido ter sido morto, continuou avançando e acabou se machucando, lesionando a região do tórax, e rasgou a roupa", disse o delegado.
Durante o depoimento, Wanderson contou que ela caiu imóvel e, imaginando que a vítima estava morta, roubou o celular e seguiu para uma caminhonete estacionada no local. O delegado questionou o caseiro se ele havia estuprado a mulher, o que ele nega.
Na segunda-feira (29), o caseiro chegou a comprar uma passagem para Goianápolis, mas imaginou que a polícia faria uma barreira ou que aparecesse ali. Por esse motivo, desistiu da viagem e foi para a região de mata. Na rodoviária, o caseiro comprou ainda cerca de três bolachas.
"Estivemos na região e existe plantas frutíferas, então ele conseguiria com certeza se alimentar dessas plantas. Ele [caseiro] fala, inclusive, que em algumas circunstâncias conseguiu se alimentar de laranja, por exemplo. Mas ele não teve muito alimento. Foi regrando as bolachas que conseguiu comprar na rodoviária", relatou o delegado.