Jogo 'Simulador de Escravidão' permite que usuários comprem e vendam escravos; veja imagens
O aplicativo estava disponível para o sistema Android e tinha mais de mil downloads antes de ser tirado do ar, nesta quarta (24)
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
Um aplicativo chamado “Simulação de Escravidão” é uma versão interativa que permite a compra e venda de escravos, além de incentivar os usuários ao acúmulo de dinheiro às custas da exploração dessas pessoas (veja imagens). Na página inicial, uma mensagem afirma que o produto é para “entretenimento” e “não está vinculado a eventos históricos específicos”. O aplicativo estava no ar até esta quarta-feira (24) no Google Play, e qualquer pessoa com acesso ao sistema Android poderia baixá-lo.
O R7 entrou em contato com o Google, que informou que o aplicativo foi removido do Google Play. Em nota, a empresa afirmou que "não permite apps que promovam violência ou incitem ódio contra indivíduos ou grupos com base em raça ou origem étnica, ou que retratem ou promovam violência gratuita ou outras atividades perigosas". A empresa disse ainda que qualquer pessoa que acredite ter encontrado um aplicativo que esteja em desacordo com as regras do Google pode fazer uma denúncia. "Quando identificamos uma violação de política, tomamos as ações devidas," afirma a big tech.
A reportagem também procurou a empresa Magnus Games, responsável pelo aplicativo, mas ainda não obteve resposta.
O Ministério da Igualdade Racial afirmou que, assim que teve conhecimento do aplicativo, entrou imediatamente em contato com o Google para a construção conjunta de medidas que contribuam para um filtro eficiente para que discursos de ódio, intolerância e racismo não sejam disseminados com tanta facilidade e sem moderação em espaços virtuais.
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) usou as redes sociais para classificar o app como chocante. "A Play Store, loja de aplicativos do Android, tem um 'jogo' chamado 'Simulador de Escravidão', no qual a 'brincadeira' consiste em comprar, vender, açoitar pessoas negras escravizadas. É desumano, nojento, estarrecedor. É criminoso!", escreveu o parlamentar.
O jogo
O app foi lançado no dia 20 de abril, e, na página da Google Play, o programa tem avaliação quatro estrelas. É possível ver comentários de pessoas que baixaram o programa. Uma delas chega a dizer que faltam opções de tortura. “Poderiam estalar [sic] a opção de açoitar o escravo também. Fora isso, o jogo é perfeito! ”, escreveu o usuário.
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O programa permite ao usuário comprar e vender escravos e lucrar com a exploração deles. Ainda é possível mandar as pessoas para vários tipos de “trabalho”, como guerras, “clube de elite”, “bordel” e plantação. Outro papel possível ao usuário é controlar os escravos que têm “desejo de liberdade” e os “fugitivos”.
Trabalho escravo no Brasil
Dados do Ministério do Trabalho e Emprego mostram que 61.459 trabalhadores foram encontrados em condições análogas à escravidão desde 2009. A maior parte dos casos foi registrado no município São Félix do Xingu, a 1.050 km de Belém, capital do Pará, seguido por São Paulo e Marabá, também do estado paraense. Em 2023, foram 1.201 flagrantes. As denúncias podem ser feitas pelo Sistema Ipê ou pelo Disque 100.
Fala no Senado
O senador Magno Malta (PL-ES) atacou veículos de comunicação que repercutem o caso de racismo contra o jogador de futebol Vinícius Jr., do Real Madrid, ocorrido no último domingo (21), na Espanha. "Cadê os defensores da causa animal, que não defendem o macaco? O macaco está exposto. Veja quanta hipocrisia. E o macaco é inteligente, é bem pertinho do homem, a única diferença é o rabo", disse o parlamentar.
O senador fez o discurso nesta terça-feira (23), numa reunião da Comissão de Assuntos Econômicos. "Se fosse um jogador negro, eu entraria em campo com uma leitoinha branca nos braços. Falava assim: 'Olha como não tenho nada contra branco. Eu ainda como se tiver'", afirmou.
Malta disse ainda que os ataques racistas contra Vinícius Jr. não envolveram apenas a cor da pele. "O que fizeram é desonesto, mas aquilo que fizeram com ele, a gente leva tudo pra cor da pele, mas tem muita coisa envolvida ali", disse.