Brasília JR Entrevista: 'Há traços' de pirâmide financeira, diz secretário do Consumidor sobre 123milhas

JR Entrevista: 'Há traços' de pirâmide financeira, diz secretário do Consumidor sobre 123milhas

Empresa pediu recuperação judicial depois de cancelar pacotes de viagens já pagos pelos clientes; Justiça bloqueou bens de sócios

  • Brasília | Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

Damous: 'Modelo precisa ser revisto e redesenhado'

Damous: 'Modelo precisa ser revisto e redesenhado'

Record TV/Reprodução - 14.9.2023

O secretário nacional do Consumidor, Wadih Damous, afirmou, nesta quinta-feira (14), que há indícios de esquema de pirâmide financeira no modelo de negócios da 123milhas, empresa de turismo que entrou com pedido de recuperação judicial depois de cancelar pacotes de viagens já pagos pelos clientes. A afirmação do titular da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) foi feita durante o JR Entrevista, que vai ao ar às 19h45 desta quinta (14) na Record News, no Portal R7, no PlayPlus e nas redes sociais.

Acompanhe ao vivo no vídeo abaixo:

Não vou me aventurar a dizer que é um modelo de negócios fracassado, mas é um modelo que, neste momento, está em questão. Em pouquíssimo espaço de tempo, empresas com milhares de consumidores em todo o Brasil não conseguiram cumprir com os contratos. Não vou me antecipar e dizer que é um modelo fracassado, mas é um modelo que precisa ser revisto e redesenhado.

Wadih Damous, secretário nacional do Consumidor

"Estamos avaliando", respondeu Damous, ao ser questionado pelo repórter Thiago Nolasco sobre a possibilidade de a 123milhas operar em esquema de pirâmide. Desde o início da crise, a empresa já demitiu mais de mil funcionários.

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"Não vou me precipitar e emitir juízo de valor. Tenho a obrigação de qualquer resposta que eu der ser precisa, a partir da apuração, no devido processo administrativo. Ainda não podemos dizer que se trata de pirâmide, mas há traços, como pagar obrigações vencidas com créditos novos. Em breve, teremos um quadro mais preciso para responder com exatidão", declarou. 

A Justiça de Minas Gerais determinou nesta quarta (13) o bloqueio de bens e valores dos dois sócios da 123milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira e Augusto Júlio Soares Madureira, e da Novum Investimentos, empresa sócia da agência de viagens. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). O valor do bloqueio chega a até R$ 50 milhões.

O MPMG informou, em nota, que o montante a ser bloqueado corresponde a cerca de 1% do faturamento estimado da 123milhas em 2022 e que o bloqueio tem como objetivo garantir minimamente a devolução dos recursos investidos pelos consumidores lesados.

Damous também destacou que a responsabilidade pelos danos é unicamente da firma. "O risco do negócio não pode ser transferido para o consumidor, o risco do negócio pertence à empresa. Até agora, são milhares de pessoas prejudicadas por conta, no mínino, da imprevisão da empresa", afirmou.

No início desta semana, a 123milhas comunicou aos clientes que os vouchers fornecidos a quem teve viagens canceladas da linha Promo só poderão ser usados depois que o processo de recuperação judicial for concluído.

No comunicado, a empresa explica que, durante a elaboração do plano de recuperação, está proibida por lei de fazer qualquer pagamento referente a transações realizadas até o dia 29 de agosto, data em que a 123milhas protocolou no Tribunal de Justiça de Minas Gerais o pedido de recuperação judicial.

Com o pedido de recuperação aprovado pela Justiça no início deste mês, o pagamento aos credores é adiado ou suspenso por tempo determinado, o que permite à empresa focar o pagamento de funcionários, tributos e matérias-primas essenciais para o funcionamento do negócio.

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