Lewandowski autoriza o envio da Força Nacional a Mossoró para ajudar nas buscas dos dois fugitivos
Essa ação da Força Nacional foi uma resposta ao pedido feito pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
Nesta segunda-feira (19), o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, concedeu autorização para o emprego da Força Nacional em Mossoró (RN), após a fuga de dois detentos da penitenciária federal de segurança máxima na região.
Após seis dias de buscas por Rogério da Silva Mendonça, 36 anos, também conhecido como Tatu, e Deibson Cabral Nascimento, 34 anos, apelidado de Deisinho, foi determinado o envio de 100 homens e 20 viaturas para a região. Essa ação da Força Nacional foi uma resposta ao pedido feito pelo diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues.
A tropa se juntará aos aproximadamente 500 agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e forças locais envolvidas na operação de recaptura dos detentos. A Força Nacional é formada por policiais militares, bombeiros militares, policiais civis e especialistas em perícia. Esses profissionais recebem treinamento especializado e estão autorizados a atuar em todo o território nacional sob a autorização do Ministério da Justiça.
Reféns
Na sexta-feira (16), os presos chegaram a fazer uma família refém a cerca de 15km da prisão. Segundo fontes da RECORD, os criminosos teriam invadido uma casa, onde ficaram por cerca de quatro horas, pediram comida e roubaram um celular. Em seguida, teriam deixado o local.
A penitenciária de Mossoró tem quatro agentes de execução penal para cada preso, em média. Os dados, que são do Painel Estatístico de Pessoal do governo federal e da Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), foram coletados pelo R7. Pelos números oficiais, o país tem 1.493 servidores do tipo ativos, dos quais 249 (16,7%) estão lotados em Mossoró.
A prisão de segurança máxima abriga 68 detentos — segundo menor número de presos de uma penitenciária federal, atrás apenas da unidade de Brasília (DF). O presídio tem quase quatro vezes mais servidores desse tipo do que detentos, proporcionalmente.
Entenda
Os dois presos fugiram pela luminária que ficava em uma parede lateral da cela. Depois de atravessar a abertura, os fugitivos escalaram o shaft — vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas — até o teto, onde quebraram uma grade metálica e chegaram ao telhado da prisão.
"Em vez de a luminária e o entorno estarem protegidos por laje de concreto, estava fechada por um simples trabalho comum de alvenaria. Outro problema diz respeito à técnica construtiva e ao projeto. Quando os fugitivos saíram pela luminária, entraram naquilo que se chama de shaft, onde se faz a manutenção do presídio, com máquinas, tubulações e fiação", explicou o ministro em entrevista na quinta (15).
Os fugitivos teriam conseguido alcançar, por meio do shaft, o teto do sistema prisional, onde também não havia nenhuma laje, grade ou sistema de proteção. "É uma questão de projeto. Quem fez deveria ter imaginado que a proteção deveria ter sido mais eficiente", avaliou o ministro.
Para Lewandowski, o fato de a ação dos criminosos ter ocorrido na madrugada da terça de Carnaval para a Quarta de Cinzas pode ter facilitado a operação, porque as "pessoas costumam estar mais relaxadas" nesse período.
Após ultrapassaram os obstáculos, os criminosos encontraram ferramentas utilizadas na reforma do presídio. Em seguida, Deibson e Rogério se depararam com um tapume de metal que protegia o local reformado e fizeram uma brecha na estrutura. Depois, com alicates usados na obra, cortaram as grades que os separavam do mundo exterior.
"É verdade que outro fator contribuiu para que esse evento ocorresse. Algumas câmeras não estavam funcionando adequadamente, assim como algumas lâmpadas que poderiam, eventualmente, detectar fugas. De quem é essa responsabilidade e por que ocorreu será objeto de investigação", completou o ministro. Além do inquérito conduzido pela Polícia Federal, foi aberta uma sindicância administrativa, para apurar eventual participação de servidores.