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Líder do PT chama Eduardo Bolsonaro de ‘traidor nacional’ e quer endossar cassação

Lindbergh Farias se manifestou após deputado licenciado defender taxação dos EUA sobre o Brasil

Brasília|Rute Moraes, do R7, em BrasíliaOpens in new window

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Lindbergh Farias: "Assim que a Câmara voltar, que a gente aprecie a cassação do Eduardo Bolsonaro” Bruno Spada/Câmara dos Deputados - 09/07/2025

O líder do PT (Partido dos Trabalhadores) na Câmara, deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), afirmou, nesta quarta-feira (9), que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é um “traidor nacional” por articular sanções dos EUA contra o Brasil.

“Esse cara é um traidor nacional. Na minha representação ao PGR e ao STF, eu já falo desse crime de traição nacional. Isso tudo a gente vai retomar e a Câmara vai ter que se posicionar sobre isso. Assim que a Câmara voltar [do recesso parlamentar], que a gente aprecie a cassação do Eduardo Bolsonaro”, disse Farias a jornalistas.


Nesta quarta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou a aplicação de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1° de agosto. Ele alegou “censura” promovida pelo STF (Supremo Tribunal Federal) às redes sociais americanas e uma “caça às bruxas” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“[Tem o DNA de] Eduardo Bolsonaro e de toda a extrema direita. E tem a cumplicidade do [governador de São Paulo] Tarcísio [de Freitas]. Todas as pretensões políticas dele estão em xeque. Não é qualquer coisa. A posição da turma bolsonarista é dobrar a aposta. Eles construíram tudo isso”, prosseguiu o líder do PT.


Sanções

Em março deste ano, Eduardo Bolsonaro se licenciou do mandato para ficar nos EUA e articular “sanções” ao ministro Alexandre de Moraes, alegando que as ações do magistrado violariam a liberdade de expressão.

Em tese, a licença do parlamentar termina em 21 de julho, durante o recesso. Apesar disso, Farias já protocolou, há alguns meses, um pedido para cassar o mandato de Eduardo Bolsonaro. A solicitação, contudo, ainda está parada no Conselho de Ética da Câmara.


Em março, após pedido de Farias direcionado à PGR (Procuradoria-Geral da República), Moraes determinou a abertura de inquérito contra o parlamentar do PL por supostas ações cometidas nos Estados Unidos contra autoridades brasileiras.

Eduardo Bolsonaro é investigado por três crimes: coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.


Nesta quarta-feira, o deputado licenciado publicou uma nota classificando a taxa de “tarifa Moraes” e defendeu as ações do presidente americano, Donald Trump, destacando que elas mostram que o “Brasil está se afastando, de forma deliberada, dos valores e compromissos que compartilha com o mundo livre”.

Eduardo pediu que as autoridades brasileiras não escalem o conflito e que adotem uma “saída institucional”, “restaurando” as liberdades. O parlamentar ainda pediu anistia “ampla, geral e irrestrita” liderada pelo Congresso Nacional.

Entenda

Em uma carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou a imposição de tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano a partir de 1º de agosto.

A medida, segundo Trump, é uma resposta direta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas americanas e à forma como o país tem tratado o ex-presidente Jair Bolsonaro.

No texto, Trump afirma que “a forma como o Brasil tratou o ex-presidente Bolsonaro é uma vergonha internacional”. Para o líder norte-americano, o julgamento e as investigações envolvendo o ex-presidente brasileiro configurariam uma “caça às bruxas” que deveria “terminar imediatamente”.

Ele também menciona uma suposta censura imposta pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a plataformas de mídia social dos EUA, classificando as ordens judiciais como “secretas e ilegais” e alegando que isso viola direitos fundamentais de cidadãos americanos.

Além das críticas políticas, Trump argumenta que a relação comercial entre os dois países está “longe de ser recíproca” e aponta “políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais” impostas pelo Brasil como responsáveis por um déficit comercial que, segundo ele, ameaça a economia e a segurança nacional dos EUA.

“O número de 50% é muito menor do que o necessário para garantir a igualdade de condições”, escreveu.

De acordo com o presidente americano, mercadorias brasileiras enviadas a outros países para tentar contornar a tarifa também estarão sujeitas à sobretaxa. Trump deixou claro que eventuais aumentos de tarifas por parte do Brasil serão somados aos 50% anunciados. Ele ainda condicionou uma possível revisão da medida à abertura de mercado por parte do governo brasileiro e à eliminação de políticas que considera injustas.

Investigação

Na carta, Trump também ordena ao Representante Comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a abertura imediata de uma investigação com base na Seção 301 da legislação comercial americana — um dispositivo usado para apurar práticas consideradas desleais por países parceiros.

A carta termina com um tom de ameaça velada e abertura para negociação: “Essas tarifas podem ser modificadas, para mais ou para menos, dependendo da nossa relação com o seu país. Você nunca se decepcionará com os Estados Unidos da América.”

Nas redes sociais, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que “qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica”.

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