Líder do PL no Senado quer convocar Mauro Vieira para explicar fala de Lula sobre Israel
Requerimento foi apresentado pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ) e ainda precisa ser votado na Comissão de Relações Exteriores
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O líder do Partido Liberal no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), protocolou nesta segunda-feira (19) um pedido de convocação do ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, para prestar esclarecimentos sobre a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que comparou a morte de palestinos na Faixa de Gaza ao Holocausto dos judeus pela Alemanha nazista. Caso o requerimento seja aprovado pelos senadores do colegiado, o ministro é obrigado a comparecer à Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Na justificativa, o senador afirma que a fala do presidente Lula "desmontou" a tradição brasileira que historicamente "preza pelo diálogo, pela paz e pela segurança".
"A declaração do Presidente Lula, longe de estimular a solução do conflito e de promover o diálogo intercultural e religioso, apenas agrava as tensões entre Israel e Palestina. Ao comparar a maior política de extermínio de todos os tempos com o complexo cenário atual e tentar de alguma forma imputar responsabilidade privilegiada a apenas uma das partes em conflito, o Presidente Lula não apenas distorce fatos históricos, como também promove o ódio, a revanche e a violência", diz o senador.
A declaração de Lula foi dada durante entrevista coletiva realizada no último domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus”, afirmou o petista na ocasião.
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Após as declarações, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, criticou o presidente e descreveu suas palavras como vergonhosas e graves. Ele anunciou que o ministro das Relações Exteriores, Israel Katz, convocaria o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, para uma "dura" repreensão formal.
"Trata-se de banalizar o Holocausto e de tentar prejudicar o povo judeu e o direito de Israel se defender. Comparar Israel ao Holocausto nazista e a Hitler é cruzar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e pela garantia do seu futuro até à vitória completa e fará isso ao mesmo tempo, em que defende o direito internacional", declarou nas redes sociais.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, também foi às redes sociais para dizer que condena veementemente a declaração do presidente do Brasil. Herzog disse que há uma "distorção imoral da história" e apela "a todos os líderes mundiais para que se juntem a mim na condenação inequívoca de tais ações". Além disso, ele anunciou que Lula foi declarado "persona non grata" no país até que haja uma retratação sobre as declarações.
Entidades e organizações também criticaram a declaração de Lula. A Conib (Confederação Israelita do Brasil) repudiou a fala. A instituição classificou a afirmação como "distorção perversa da realidade que ofende a memória das vítimas do Holocausto e de seus descendentes".
"Os nazistas exterminaram 6 milhões de judeus indefesos na Europa somente por serem judeus. Já Israel está se defendendo de um grupo terrorista que invadiu o país, matou mais de mil pessoas, promoveu estupros em massa, queimou pessoas vivas e defende em sua Carta de fundação a eliminação do Estado judeu", diz a Conib.