Lira se reúne com Bolsonaro em meio à crise da Petrobras
Encontro dos presidentes da Câmara e da República não estava na agenda oficial dos dois
Brasília|Sarah Teófilo e Mariana Londres, do R7, em Brasília
O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), recebeu nesta quarta-feira (6) o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no Palácio da Alvorada, em meio à crise envolvendo a Petrobras. A estatal segue sem um nome para assumir a presidência da estatal após a recusa do economista Adriano Pires de assumir o cargo para o qual foi indicado. Depois que Pires negou o cargo, por conflito de interesses, Lira tem defendido a revisão da Lei das Estatais e a privatização da Petrobras.
Na última terça-feira (4), o presidente da Câmara afirmou que a lei, aprovada em 2016, deveria ser revista para permitir que especialistas com experiência na iniciativa privada ocupem a direção de estatais, como a Petrobras. Lira criticou a empresa, dizendo que ela atende apenas aos interesses de acionistas. O deputado tem criticado amplamente a estatal nas últimas semanas.
“A Petrobras é uma empresa majoritariamente estatal. (...) Você querer colocar na Petrobras um general, almirante, professor universitário, jornalista, advogado ou um administrador de empresa que nunca teve contato com petróleo e gás seria a única maneira de manter o status quo de interesse de corporação em blindar a Petrobras para que ela permaneça esse ser que não tem responsabilidade com o Brasil e nem com ninguém", afirmou.
Lira negou que tenha relação com Adriano Pires, como tem sido apontado. "Você não pode partir da premissa de que um cara porque dá assessoria no ramo privado não pode assumir o comando de uma empresa pública. A regra é difícil de ser cumprida porque ela foi feita para isso, para travar a Petrobras e ela se tornar o que ela é hoje, causando esse inconiente para todo o Brasil. A partir daí eu acho que há necessidade clara de o Congresso debater para ver a possibilidade de mudar alguns tópicos da Lei das Estatais", disse.
Adriano Pires, que recusou a presidência da Petrobras por conflito de interesses, é diretor-fundador do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), consultoria que diz ser uma das cem mais influentes do Brasil no setor de energia e referência no setor de infraestrutura. Pires atua coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis, o mercado de derivados de petróleo e gás natural.
“Hoje, a quem serve a Petrobras? Não dá satisfação a ninguém, não produz riqueza, não produz desenvolvimento. A gente tem um preço de petróleo internacionalizado, produz petróleo aqui e tem referência no preço internacional, porque é bom para os investidores, para o acionista, e é somente isso que serve. Ela é uma estatal. Se não tem nenwhum benefício para o Estado brasileiro, que seja privatizada e que a gente trate isso com a seriedade necessária”, afirmou Lira.
Opções
Uma das opções do governo para o impasse envolvendo a presidência da Petrobras seria pedir autorização para a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) para retirar da pauta da assembleia da próxima quarta-feira (13) a troca do presidente da estatal e do conselho de administração. Isso porque a mudança indicada pelo Executivo precisa ser aprovada na assembleia. Entretanto, não há movimentação no governo nesse sentido.
Caso a CVM autorizasse um eventual pedido de retirada de pauta, o assunto seria novamente discutido em trinta dias, em próxima assembleia, e o atual presidente, general Silva e Luna, seguiria na presidência por mais 30 dias, a não ser que peça para sair. A outra opção do governo seria enviar uma nova lista, com novos nomes. Neste ano, a lista precisa ser enviada antes do dia 13 de abril. O governo ainda enfrenta o risco de o nome, caso seja de pessoa de fora da empresa, não passar pelo Comitê de Pessoas, desgaste que governo quer evitar.