Lula anuncia forças-tarefa para debater clima e combate à fome na presidência do G20
Em reunião, presidente disse que ministros vão 'ter que se virar em dois' no período; Brasil assume comando em 1º de dezembro
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta quinta-feira (23) que o Brasil, na presidência do G20, vai criar duas forças-tarefa — uma contra a fome e a desigualdade e outra sobre a mudança climática —, além de uma iniciativa de bioeconomia. Na reunião de instalação da Comissão Nacional do grupo que reúne as principais economias do mundo, no Palácio do Planalto, o chefe do Executivo afirmou que os ministros e as ministras "vão ter que se virar em dois ou em duas" para que o país possa atender às necessidades e não "deixar a peteca cair".
"Os ministros têm que ter a consciência do seguinte: todo mundo vai ter muita tarefa. Mas é importante vocês não esquecerem que foram eleitos e deixarem os ministros para governar o Brasil. A prioridade é a função para a qual vocês foram escolhidos para serem ministros. Vocês vão ter que se virar em dois ou em duas para que a gente possa atender às necessidades da organização do G20 e para que a gente não possa deixar a peteca cair", disse Lula.
O Brasil assume o comando do G20 em 1º de dezembro e ficará 12 meses no posto. A declaração foi feita em reunião realizada no Palácio do Planalto, em Brasília.
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Lula voltou a criticar a atuação de organismos internacionais. "Não é possível que as instituições, como Banco Mundial, FMI e tantas outras, continuem funcionando como se nada estivesse acontecendo no mundo, como se estivesse tudo resolvido", disse.
"Nós estamos vendo o que aconteceu na Argentina, estamos vendo o continente africano, com R$ 800 bilhões de dívida. Se não houver uma rediscussão de como fazer financiamento para os países pobres, a gente não vai ter solução. Os ricos vão continuar ricos, e os pobres vão continuar pobres", completou o petista.
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Participaram da reunião diversos ministros, como Fernando Haddad (Fazenda) e Mauro Vieira (Relações Exteriores), e autoridades de outros poderes, como o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira. "A novidade para quem não achava que o Banco Central não participava das reuniões, o Roberto Campos, [presidente] do Banco Central, que está aqui cumprindo uma tarefa tanto quanto a nossa de participar dos compromissos do G20", informou Lula.
Presidência do G20
Lula afirmou nesta quarta-feira (22), em discurso na cúpula virtual do G20, que a presidência brasileira do grupo vai ter um eixo condutor para a redução das desigualdades. Segundo ele, três linhas de ação vão estruturar os trabalhos: inclusão social e combate à fome e à pobreza, transição energética e desenvolvimento sustentável e reforma da governança global.
De acordo com Lula, o lema da presidência brasileira é "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável". "Vamos buscar resultados concretos, que geram benefícios para os mais pobres e vulneráveis. O G20 ajudará a alavancar iniciativas multilaterais em curso. Precisamos recuperar a tripla dimensão do desenvolvimento sustentável e acelerar o ritmo de implementação da agenda de 2030", disse o petista.
Mandato brasileiro
O mandato brasileiro do G20 será de 1º de dezembro de 2023 a 30 de novembro de 2024. Como país ocupante da presidência, o Brasil vai ser o responsável por organizar a próxima cúpula, prevista para novembro do ano que vem, no Rio de Janeiro.
Criado em 1999 como forma de coordenação em nível ministerial entre os países, o G20 é formado pelas 19 maiores economias do mundo e pela União Europeia. O grupo responde por cerca de 80% do PIB mundial e 75% do comércio internacional, bem como por dois terços da população e 60% do território do planeta.
Fazem parte: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia.