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R7 Brasília

Lula critica governador de Roraima e diz que há ‘boato’ de ligação com garimpo

Antonio Denarium foi condenado e teve o mandato cassado pelo TRE-RR três vezes; ele aguarda decisão do TSE

Brasília|Ana Isabel Mansur e Edis Henrique Peres, do R7 em Brasília


Lula visitou Amazonas nessa terça (10) Ricardo Stuckert/Presidência da República - 10.9.2024

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quarta-feira (11) o governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), e sugeriu que há ligação do político com garimpeiros do estado. O governador é alvo de investigação na Justiça Eleitoral por suspeita de abuso de poder político e econômico nas eleições de 2022. Denarium e o vice Edilson Damião já foram condenados no TRE-RR (Tribunal Regional Eleitoral de Roraima) e tiveram os mandatos cassados três vezes.

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Eles recorreram das decisões e, enquanto aguardam o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), permanecem nos cargos. No mês passado, a Corte adiou os julgamentos dos recursos para não haver risco de interferência nas eleições municipais de outubro.

“Não quero afirmar nada, mas a verdade nua e crua é que aqui em Brasília corre o boato de que o governador teria vinculação com essa gente do garimpo. E o que estamos fazendo é investigando e tentando coibir”, declarou Lula em entrevista a uma rádio amazonense. A conversa com os jornalistas ocorreu por videoconferência, e o presidente estava no Palácio da Alvorada, residência oficial da presidência, em Brasília.

O petista rebatia as afirmações de Denarium de falta de apoio e investimentos do governo federal para lidar com a crise que atinge os povos indígenas Yanomami. “Penso que o governador, se falou [que falta apoio], não falou sério. E, se falou isso, não disse a verdade. Temos uma sala de situação montada em Boa Vista, temos representação de mais de 10 ministérios que vive o dia inteiro em Boa Vista. Estamos tentando cuidar da forma mais eficaz possível em uma situação muito difícil”, afirmou. A princípio, a entrevista de Lula à rádio amazonense ocorreria nessa terça (10), quando o presidente esteve em Manaus (AM). No entanto, por problemas de agenda, a conversa teve de ser adiada para esta quarta (11).


Em nota ao R7, a Secom (Secretaria de Comunicação Social) do governo de Roraima negou as acusações. ”O governador do Estado de Roraima em momento algum criticou a ação do governo federal e vem reconhecendo as ajudas recebidas nas áreas de saúde, educação, segurança e social. Vem buscando mais apoio em função da situação da migração e indígena que Roraima vem enfrentando há anos. O governador não tem relação alguma com qualquer atividade ilícita e vem dando todo o apoio com as forças de segurança para coibir o garimpo ilegal”, destacou o órgão.

Entenda

Denarium teve o mandato cassado pela terceira vez em janeiro deste ano, quando o TRE-RR, por unanimidade, apontou abuso de poder econômico e político. Ele está inelegível por 8 anos, mas, por enquanto, permanece no cargo público. O julgamento, que durou mais de cinco horas, analisou acusações da coligação ‘Roraima Muito Melhor’, formada pelos partidos MDB, PSB, PL e PMB, de que o governador teria distribuído cestas básicas em 2022, reformado casas de eleitores do estado por meio do programa “Morar Melhor” e transferido R$ 70 milhões em recursos para 12 municípios afetados por fortes chuvas, sem observar os critérios legais.


As siglas também alegavam que Denarium aumentou os gastos com publicidade institucional e fez promoção pessoal de agentes públicos. A relatora, juíza Tânia Vasconcelos, argumentou que, em 2021, o governo federal enviou R$ 1,6 milhão para apoiar 14 municípios afetados pelas fortes chuvas no estado e que “não há justificativa para tamanha proporção”.

A magistrada destacou, ainda, que o município de Rorainópolis registrou apenas 65 mm de chuvas no mês anterior ao repasse, mas decretou calamidade e recebeu o recurso. Em nota à época, a defesa do governador afirmou respeitar a decisão judicial e reiterou a confiança na Justiça e nas instituições democráticas.


No ano passado, Denarium teve o mandato cassado por duas vezes. A primeira foi em agosto por distribuir cestas básicas durante o período eleitoral de 2022. A segunda decisão, em setembro, foi pelo uso irregular do programa Morar Melhor. As ações violam a conduta vetada, quando um gestor tem limitações de ações durante anos de eleições, a fim de garantir uma concorrência justa no pleito eleitoral.


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