Lula defende acordo entre Mercosul e União Europeia e critica exigências europeias
Líder brasileiro afirmou que UE quer impor taxa de carbono, que afetaria cinco dos 10 produtos brasileiros comercializados na Itália
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta segunda-feira (15) o acordo entre Mercosul e a União Europeia. Em coletiva de imprensa realizada ao lado do presidente da Itália, Sergio Mattarella, o líder brasileiro afirmou que os europeus precisam resolver as próprias contradições e criticou medidas impostas nas negociações.
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“Reiterei ao presidente italiano o interesse do Brasil em concluir, quanto antes, um acordo com a União Europeia que seja equilibrado e que contribua com o desenvolvimento das duas regiões. Explicitei que o avanço das negociações depende de os europeus resolverem suas próprias contradições internas”, disse Lula.
“Medidas como a taxa de carbono imposta de forma unilateral, pela União Europeia, pode afetar cinco dos 10 produtos brasileiros mais exportados para o mercado italiano. A redução do CO² é imperativa, mas não deve ser feita com base em medidas unilaterais que vão impactar a vida dos produtores brasileiros e dos consumidores italianos”, completou.
Se concluído, o acordo vai formar uma das maiores áreas de livre comércio do planeta, com quase 720 milhões de pessoas, 20% da economia global e 31% das exportações mundiais de bens. Com o tratado, em torno de 95% de todos os bens industriais terão o imposto de importação para entrar no mercado europeu zerado em até dez anos, sendo que mais da metade desses produtos — quase 3 mil — terá o benefício imediato na entrada em vigor do acordo, diz a confederação.
Entraves
Uma das questões apresentadas pela União Europeia está relacionada às compras governamentais. O bloco quer que o Mercosul autorize as empresas da Europa a participar, em condição de igualdade, de licitações em países sul-americanos, e vice-versa. Essas compras envolvem a aquisição de bens, a execução de obras e afins.
Na visão do governo brasileiro, a medida pode prejudicar a indústria nacional, uma vez que o Executivo adquire produtos de diversas áreas, como saúde e agricultura. Em uma eventual participação de países europeus nas licitações, o Brasil poderia ter a produção interna prejudicada ou não suficientemente estimulada. A contraproposta pede a revisão de condições estabelecidas para essa categoria.
Há entraves também nas questões ambientais. Os países da Europa querem a garantia de que a intensificação do comércio entre os blocos não vai resultar no aumento de destruição ambiental no Brasil e nas demais nações do Mercosul. Em contrapartida, o lado brasileiro é a favor de que não haja distinção na aplicação de eventuais sanções, ou seja, de que ambos os lados sejam penalizados da mesma forma em caso de descumprimento.