Lula diz que não há razão para greve em universidades federais durar tanto tempo
‘Quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros’, pontua presidente em evento com reitores de instituições educacionais
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (10) não ver razão para que a greve dos professores e dos técnicos administrativos de universidades e institutos federais durar tanto tempo. A paralisação dos servidores começou em abril.
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“Eu sou um dirigente sindical que eu nasci no tudo ou nada. E para mim era assim, tudo ou nada. É 100% ou é nada. E muitas vezes eu fiquei com nada. E eu acho que nesse caso da educação, se vocês analisar o conjunto da obra, vão perceber que não há muita razão para essa greve estar durando o que está durando, porque quem está perdendo não é o Lula, não é o reitor. Quem está perdendo é o Brasil e os estudantes brasileiros”, comentou o presidente.
Segundo Lula, “não é por 3%, 2% ou 4% que a gente fica a vida inteira de greve”. “A greve tem um tempo para começar e tempo para terminar. A única coisa que não se pode permitir é que uma greve termine por inanição. O dirigente sindical tem que ter coragem de propor, negociar, mas tem que ter coragem de tomar decisões que muitas vezes não é o tudo ou nada que ele apregoou”, afirmou.
A greve dos professores e técnicos ultrapassa os 50 dias. Ao menos 60 instituições de todo o país tiveram as atividades suspensas. Os professores reivindicam reajuste salarial de 22%, a ser dividido em três parcelas iguais de 7,06% — a primeira ainda para este ano e outras para 2025 e 2026.
Também estão na pauta nacional unificada a revogação de uma portaria do Ministério da Educação que estabelece aumento da carga horária mínima de aulas e o controle de frequência por meio do ponto eletrônico para a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.
Anúncio de investimentos
As declarações de Lula foram dadas durante reunião com reitores de universidades e institutos federais de todo o país, realizada no Palácio do Planalto, em Brasília. Na mesma ocasião, o ministro da Educação, Camilo Santana, anunciou um investimento de R$ 5,5 bilhões do governo para as instituições educacionais. Os recursos, oriundos do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vão ser usados, por exemplo, para a criação de dez novos campi e em melhorias na infraestrutura das 69 universidades federais que já existem no país.
Segundo o ministro da Educação, o investimento vai ser dividido da seguinte maneira: R$ 3,17 bilhões em ações de consolidação, R$ 600 milhões em ações de expansão e R$ 1,75 bilhões em ações para hospitais universitários.
A expansão universitária, com a criação dos dez novos campi, será feita nas seguintes cidades: São Gabriel da Cachoeira (AM), Cidade Ocidental (GO), Rurópolis (PA), Baturité (CE), Sertânia (PE), Estância (SE), Jequié (BA), Ipatinga (MG), São José do Rio Preto (SP) e Caxias do Sul (RS).
De acordo com o governo federal, “as localidades foram escolhidas com o objetivo de ampliar a oferta de vagas da educação superior em regiões com baixa cobertura de matrículas públicas na educação superior”.
Em relação aos hospitais universitários, Santana informou que são 37 obras, distribuídas em 31 instalações. Dessas, oito são novas (Pelotas, Juiz de Fora, Acre, Roraima, Rio de Janeiro, Lavras, São Paulo e Cariri). O governo de Luiz Inácio Lula da Silva ampliou, ainda, a bolsa permanência para estudantes quilombolas e indígenas. Agora, são 5.600 novas vagas para atendimento. Ao todo, 13 mil alunos recebem o benefício. O aporte, neste ano, é de R$ 233 milhões.
Na cerimônia, o governo anunciou também a complementação de R$ 400 milhões para custeio das universidades federais para esse ano, sendo R$ 279 milhões para universidades e R$ 120 milhões para institutos federais. Essa era umas das reivindicações dos servidores públicos, que pressionam a gestão federal em meio à greve. Os orçamentos das instituições para este ano são de R$ 6,3 bilhões e R$ 2,7 bilhões, respectivamente.