O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (12) que vai conversar com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para fazer o “possível e impossível” para expulsar garimpeiros e outros invasores de Terras Indígenas Tupinambás. A declaração foi dada durante cerimônia que marcou o retorno do manto Tupinambá ao Brasil, no Rio de Janeiro (leia mais abaixo). “Na semana que vem, vou conversar com o companheiro Lewandowski. A gente pode fazer o possível e impossível para quem sabe se gente possa desintrusar as terras indígenas Tupinambás”, disse. A ação de desintrusão consiste na retirada de invasores que estão irregularmente dentro de terras demarcadas e homologadas como indígenas. Isso ocorre quando pessoas ou grupos, como fazendeiros, garimpeiros, grileiros ou madeireiros, invadem ou permanecem nessas áreas, violando os direitos territoriais das populações indígenas.Lula ainda destacou o trabalho que tem feito contra o garimpo em terras indígenas, mas que mesmo assim os garimpeiros voltam porque é “gente que trabalha, os donos quem sabe estão em outro lugar do mundo ou quem sabe na capital do país”. No mesmo evento, Lula respondeu às críticas que recebeu de povos indígenas, que pediram mais empenho do governo federal às pautas indígenas. O presidente foi recebido com um canto de “senhor presidente, devolva nossas terras”.“Eu não sou o Lula. Sou a única vez que vocês chegaram à Presidência da República”, disse Lula. “Eu fico feliz de fazer parte de um governo em que as pessoas podem vir na frente do presidente da República e reclamar até do presidente da República, até do governo, porque em tempos que não muito distantes, vocês não eram chamados nem para falar, e eram recebidos com pau e cassetete”, afirmou.A cerimônia de celebração do retorno do Manto Tupinambá foi realizado na Quinta da Boa Vista.O manto retornou do Museu Nacional da Dinamarca, na Europa, e será instalado em uma sala da Biblioteca Central do Museu Nacional, no Rio de Janeiro. A devolução da peça envolveu articulação entre os dois países, incluindo o Ministério das Relações Exteriores, museus e lideranças indígenas.A peça indígena é feita com penas de ave guará e estava há quatro séculos na Dinamarca. Desde o dia 7 de setembro, membros da comunidade Tupinambá estão no Rio de Janeiro realizando seus rituais de vigília.