Lula planeja discutir confronto Israel-Hamas com líderes da China, África do Sul e Índia
Na semana passada, o presidente conversou com autoridades de nove países; a guerra já fez quase 9.000 vítimas
Brasília|Ana Isabel Mansur e Hellen Leite, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta sexta-feira (27) que pretende conversar nos próximos dias com os presidentes da China, Xi Jinping, e da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, sobre o conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas. "Semana passada, conversei com muita gente sobre a guerra de Israel com o Hamas, e ainda tenho que falar com Xi Jinping, com o Modi e com o Ramaphosa", declarou Lula durante um café da manhã com a imprensa.
Desde o início do conflito no Oriente Médio, em 7 de outubro, Lula conversou com autoridades de nove países e da Europa. Por telefone, Lula dialogou com o comandante do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani, e com os presidentes de Israel (Isaac Herzog), da Autoridade Palestina (Mahmoud Abbas), do Irã (Ebrahim Raisi), do Egito (Abdel Fattah el-Sissi), da Turquia (Recep Tayyip Erdogan), da França (Emmanuel Macron), da Rússia (Vladimir Putin), dos Emirados Árabes Unidos (Mohammed bin Zayed Al Nahyan) e do Conselho Europeu (Charles Michel).
Nesta quinta (26), o presidente também entrou em contato com brasileiros que estão dos dois lados da fronteira. Segundo o Itamaraty, são cerca de 30 brasileiros impedidos de sair da região, e, por enquanto, as negociações para a reabertura da fronteira com o Egito ainda não avançaram. Os últimos dados sobre o conflito, divulgados na quinta-feira (26), contabilizam 8.726 mortos, sendo 1.400 vítimas em Israel e 7.326 no território palestino.
Negociação sobre o Mercosul
O presidente também disse que pretende telefonar nos próximos dias para o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, para falar sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. Lula disse que, se o acordo não for concluído durante o mandato dele e de Sánchez à frente dos blocos, a parceria pode "não sair". Sánchez ocupa a presidência da União Europeia até 31 de dezembro deste ano, e Lula é o presidente temporário do grupo sul-americano até o fim de 2023.
"Se nós dois, que somos amigos, não fizermos o esforço muito grande para fazer esse acordo, acho que não sairá. Quero tirar do papel esse acordo e mudar a pauta, porque faz 22 anos e meio que a gente fala em acordo, e não saiu, fica um tentando jogar a culpa no outro. Então, vamos parar de jogar culpa, vamos assumir a nossa responsabilidade e fazer os acordos, para dinamizar", disse Lula.
Autoridades brasileiras discutiram o texto com representantes europeus em reuniões bilaterais em Bruxelas, na Bélgica, na quarta (25) e na quinta-feira (26). Em setembro, o Mercosul enviou a resposta ao acordo elaborado pelo governo Lula.
A contraproposta foi desenvolvida pelo Ministério das Relações Exteriores depois que a União Europeia apresentou um documento adicional com sanções em caso de descumprimento de medidas voltadas para o meio ambiente e de compras governamentais previstas no tratado. Na sequência, o documento brasileiro foi discutido com os demais pares do Mercosul e, então, enviado aos europeus.