Lula retoma programa Luz para Todos e assina decreto permitindo compra de energia da Venezuela
Brasil vai voltar a realizar contratos para trazer energia de hidrelétrica venezuelana, o que não acontecia desde 2018
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (4) a retomada do programa Luz para Todos, que que tem o objetivo de levar energia elétrica à população rural, em especial no Norte do país e em regiões remotas da Amazônia Legal. De acordo com o governo federal, o objetivo é beneficiar até 500 mil famílias até o fim do mandato, em 2026. Além disso, o petista assinou um decreto que permite ao Brasil voltar a comprar energia elétrica da Venezuela (leia mais abaixo).
A cerimônia de anúncio das medidas ocorreu em Parintins (AM). No evento, Lula informou que as cidades de Parintins, Itacoatiara (AM) e Juruti (PA) vão se conectar ao Sistema Interligado Nacional (SIN) de energia. Isso foi possível com a inauguração de uma subestação em Parintins do chamado Linhão de Tucuruí – uma linha de transmissão que leva a energia produzida na Hidrelétrica de Tucuruí à região ao norte do Rio Amazonas.
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Antes da interligação de Parintins ao Linhão de Tucuruí, a cidade dependia de uma usina termelétrica movida a diesel, que consumia cerca de 45 milhões de litros desse combustível anualmente. Entre os impactos ambientais causados pela geração de energia por meio dessa matriz estão a poluição sonora e a fuligem lançada no ar.
O projeto contou com a construção de torres com mais de 250 metros de altura, incluindo a implantação em trechos alagados, o que exigiu fundações especiais e planejamento dos períodos de cheia e vazante do rio.
Energia para Roraima
Durante a solenidade, Lula assinou um decreto para ampliar as possibilidades de intercâmbio de energia elétrica com países que fazem fronteira com o Brasil. A medida vai permitir que o país compre a energia elétrica que é produzida na hidrelétrica de Guri, na Venezuela.
Os dois países tinham um acordo de distribuição para Roraima até 2019, mas, desde então, o Brasil não compra mais a energia produzida em solo venezuelano.
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"Nós não estamos apenas autorizando importação da energia da Venezuela, o senhor está começando a interligação da América do Sul por energia. O decreto vai permitir realizar contratos para a trazer energia limpa e renovável da Venezuela, da usina de Guri, que volta a ter um papel importante para garantir energia barata e sustentável para Roraima e para o Brasil", destacou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O presidente também assinou uma ordem de serviço para conectar Roraima ao Sistema Interligado Nacional. O estado é o único do país que não faz parte do sistema. De acordo com o governo, serão investidos R$ 2,6 bilhões nas obras, que vão substituir usinas termelétricas e garantir energia confiável, limpa e renovável.
Hoje, moradores de Boa Vista e cidades próximas dependem de usinas termelétricas movidas a óleo diesel, gás natural, biomassa e uma pequena central hidrelétrica. A expectativa é de mais de 11 mil empregos diretos e indiretos com as obras, com previsão de serem concluídas em setembro de 2025.