Lula se reúne com secretária-geral do Itamaraty para discutir crise com a Venezuela
Maria Laura representa o Itamaraty interinamente durante a ausência do chanceler Mauro Vieira
Brasília|Victoria Lacerda, do R7, em Brasília
Neste domingo (8), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou no Palácio da Alvorada com Maria Laura da Rocha, secretária-geral do Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty). O encontro abordou a recente escalada de tensões na Venezuela, onde o regime de Nicolás Maduro revogou a custódia brasileira da embaixada da Argentina em Caracas.
Maria Laura, que representa o Itamaraty interinamente durante a ausência do chanceler Mauro Vieira, discutiu também a agenda internacional de Lula para a semana, que inclui sua participação na Assembleia Geral da ONU.
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A situação se agravou no último sábado (7), quando a Venezuela anunciou a revogação da custódia brasileira da embaixada argentina, gerando uma crise diplomática. Além disso, Maduro ameaçou invadir a residência oficial da embaixada, onde estão abrigados solicitantes de asilo. O governo argentino classificou a ação como uma “decisão unilateral” e alertou que qualquer tentativa de interferir ou sequestrar os asilos será “amplamente condenada” pela comunidade internacional.
O Paraguai também condenou a decisão, afirmando que a medida viola os princípios da Convenção de Viena. Os Estados Unidos manifestaram “apoio inabalável” aos governos do Brasil e da Argentina, enquanto o Uruguai expressou preocupação e solidariedade. O Panamá e a Costa Rica também criticaram a decisão, chamando-a de desprezo pelas normas internacionais e uma tentativa de perseguição política.
Embaixada da Argentina cercada
Durante o fim de semana, forças de segurança venezuelanas cercaram a embaixada da Argentina em Caracas, onde estão abrigados seis opositores políticos de Maduro. O Ministério das Relações Exteriores da Venezuela alegou que estavam sendo planejados atos terroristas dentro da embaixada.
O governo de Maduro revogou a permissão dada ao Brasil para assumir a custódia da embaixada da Argentina, após o Brasil ter assumido o papel em 2 de agosto, quando os diplomatas argentinos foram expulsos por não reconhecerem a reeleição de Maduro.
Crise política na Venezuela
A Venezuela está imersa em crise política desde que as autoridades eleitorais declararam Nicolás Maduro vencedor das eleições de 28 de julho, sem divulgar as atas eleitorais. A oposição alegou ter evidências de que Edmundo González, um dos principais opositores de Maduro, venceu as eleições. Vários países, incluindo os Estados Unidos e a União Europeia, se recusaram a reconhecer a vitória de Maduro sem a divulgação dos dados eleitorais.
Desde as eleições, o governo de Maduro deteve mais de 2.400 pessoas, criando um ambiente descrito pela ONU como um “clima de medo”.
Edmundo González exilado
Edmundo González, candidato opositor nas eleições presidenciais da Venezuela, deixou o país no sábado (7) e foi para a Espanha, onde viverá exilado. Ele havia se refugiado na embaixada da Espanha em Caracas antes de solicitar asilo político ao governo espanhol. A vice-presidente venezuelana, Delcy Rodríguez, confirmou a informação, e o Ministro das Relações Exteriores da Espanha, José Manuel Albares, afirmou que González saiu da Venezuela por vontade própria em um avião da Força Aérea Espanhola, com o governo espanhol comprometido com os direitos políticos dos venezuelanos.