Maduro usa boné do MST durante discurso na Venezuela e agradece apoio de brasileiros
Em meio a controvérsias sobre eleições, presidente venezuelano agradeceu apoio do movimento em encontro sobre orçamento
Brasília|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, recebeu e usou um boné do MST (Movimento dos Trabalhadores sem Terra) durante um evento para discussão sobre uso de recursos públicos nesta terça-feira (27). “Como zamoristas, recebemos com amor o Movimento Sem Terra do Brasil. Bem-vindos”, disse ao agradecer a delegação brasileira e em referência a Ezequiel Zamora, soldado e líder de uma insurreição camponesa no século XIX. O momento foi gravado e publicado no canal oficial de Maduro no Youtube.
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De acordo com ele, os brasileiros enviaram apoio para a realização da assembleia, que consulta a população sobre os projetos prioritários para alocação de recursos públicos. Essas cerimônias são uma das principais heranças do chavismo no país. Em outro ponto do discurso, ele convida os brasileiros a irem para a Venezuela se juntar às chamadas comunas.
“Convido o MST, que venha também com centenas de seus agricultores, que venham para produzir na Venezuela com sua experiência para as comunas. MST, me mande uma brigada de mil homens e mulheres do Brasil para produzir em terra venezuelana. Bem-vindo, Brasil. Bem-vindo, povo brasileiro, com revolução bolivariana”, diz.
Eleições controversas
O CNE (Conselho Nacional Eleitoral), órgão venezuelano responsável pelas eleições no país, proclamou a reeleição de Maduro em 29 de julho, dia seguinte à votação. No entanto, como as autoridades da Venezuela não apresentaram as atas da votação, o resultado é contestado pela comunidade internacional e pela oposição ao chavista.
Até o momento, o Brasil não negou nem aceitou a reeleição de Maduro. Não há consenso na América Latina sobre as eleições venezuelanas. Há, no continente, ao menos três opiniões — algumas nações já aceitaram a suposta reeleição de Maduro, como Bolívia e Cuba; outras já negaram, como Argentina, Chile, Paraguai e Peru; e ainda há um terceiro grupo, que não nega nem aceita a vitória do chavista, como Brasil, Colômbia e México.
Diferente da posição do governo brasileiro, o MST publicou nota assim que os resultados foram proclamados celebrando a suposta vitória de Maduro.