Como presidente da CCJ, Alcolumbre é responsável por marcar data de sabatina na comissão
DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDONo Amapá, estado do senador Davi Alcolumbre (DEM), a maioria discorda da decisão do parlamentar de não pautar a sabatina com André Mendonça, o escolhido do presidente da República para o cargo de ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), mostra levantamento encomendado pela Record TV ao instituto Realtime Bigdata. Alcolumbre é presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O colegiado precisa interrogar o ex-advogado-geral da União e aprová-lo para que Mendonça passe pelo crivo do plenário do Senado e tome posse na Corte.
Para 77% dos 800 entrevistados, a impressão é que Alcolumbre promove a política do “toma lá dá cá” para dar sequência à indicação do presidente.
A pesquisa também ouviu mil pessoas em todo o país. Nesse caso, 63% concordam que a atitude de Alcolumbre está ligada à prática do “toma lá dá cá”.
No estado em que Alcolumbre se elegeu, 44% discordam da decisão de não pautar a sabatina com Mendonça; 40% concordam; e 16% não souberam responder. O percentual é mais equilibrado no levantamento nacional, no qual 45% concordam com Alcolumbre e 43% discordam dele — 12% preferiram não se posicionar.
A decisão de Alcolumbre de deixar o Supremo com um ministro a menos desde a saída de Marco Aurélio Mello, em julho deste ano, é prejudicial à democracia na visão de 51% dos entrevistados no Amapá (41% dizem que não e 8% não responderam).
Nacionalmente, há, outra vez, cenário dividido: 45% avaliam que é prejudicial à democracia e 44% consideram que não; 11% não responderam.
Os dois levantamentos têm nível de confiança de 95% e margem de erro de 3 pontos percentuais para mais ou para menos.
Demora na avaliação
Nesta semana, o presidente Bolsonaro defendeu a indicação de Mendonça para o STF e criticou a demora de Alcolumbre em marcar a data para a sabatina. “Ele pode votar contra. Agora, o que ele tá fazendo não se faz. A indicação é minha. Se ele quer indicar alguém pro Supremo, ele pode indicar dois. Ele se candidata a presidente [da República]. No primeiro semestre de 2023, ele indica”, disse Bolsonaro.
Na quarta-feira (13), Alcolumbre se defendeu e disse que não aceitaria intimidações.
“Tramitam hoje pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado Federal cerca de 1.748 matérias, todas de enorme relevância para a sociedade brasileira. A prioridade do Poder Legislativo, no momento, deve ser a retomada do crescimento, a geração de empregos e o encontro de soluções para a alta dos preços que corroem o rendimento dos brasileiros", argumentou Alcolumbre.