Doação de órgãos de parentes falecidos foi negada por mais de 50% das famílias no DF em 2023
Transplantes de órgãos, tecidos e células no DF aumentam 12% em 2023; ao todo, foram realizados 839 procedimentos
Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
A Central Estadual de Transplantes do DF informou nesta sexta-feira (15) que, no ano passado, mais mais da metade das famílias solicitadas se negaram a doar órgãos e tecidos de parentes falecidos no Distrito Federal.
São consideradas aptos a doar órgãos as vítimas de lesões cerebrais irreversíveis, com morte encefálica comprovada após a realização de exames clínicos. E, para que ocorra a doação, é necessária a autorização da família.
Com alta taxa de recusa por parte de familiares, os profissionais de saúde do DF tiveram buscar órgãos em outras regiões. “O maior número de transplantes realizados foi de órgãos provenientes de outros estados. As equipes transplantadoras aqui do DF se deslocaram para diversas cidades do país para a captação de órgãos”, explicou a diretora da Central Estadual de Transplantes do DF, Gabriella Christmann.
Os órgãos doados vão para os pacientes que necessitam de um transplante e estão aguardando em lista única, controlada por um sistema informatizado disponibilizado pelo Ministério da Saúde para a Central Estadual de Transplantes. O cadastro de potenciais receptores é realizado pelas próprias equipes habilitadas em realizar os transplantes nos estabelecimentos de saúde do DF, onde um médico consulta e realiza exames especializados para comprovar a necessidade.
Recorde de doações no Distrito Federal
O DF teve em 2023 o maior número de doações desde 2009. Foram realizados 839 transplantes, um aumento de 12,32% em relação ao ano anterior. Os transplantes mais realizados incluem córneas, fígado e medula óssea. De acordo com Gabriella, o índice de doações poderia ser melhor. “O desejo em ser doador deve estar bem claro para a família. Sem o sim para a doação, não há transplantes”, alertou.
Foram 338 transplantes de córnea, 121 de fígado, 34 de coração, 103 de rim de doadores falecidos e 39 de doadores vivos. Os transplantes de medula óssea são divididos em duas categorias: autólogo – quando o doador é o próprio paciente; e alogênico – quando as células troncos provêm de um doador. No primeiro caso, foram registrados 160 transplantes e 44, no segundo caso.
Para Eliéte Oliveira, 52 anos, o transplante de fígado foi uma mudança de vida. Portadora de uma doença autoimune, o antigo fígado começou a apresentar falência no final de 2021. No ano seguinte, ela foi encaminhada para a realização do transplante. Após a cirurgia em junho de 2023, a vida Eliéte passou por uma transformação. “Eu renasci. Meu intestino não funcionava, minha pele era esverdeada, olhos eram amarelos e meu corpo inteiro coçava, ao ponto de abrir feridas. Hoje, já realizei oito corridas e estou começando a nadar”.
Seja um doador
Para ser um doador, basta comunicar a família o desejo de doar. Há dois tipos: os vivos e os falecidos. Doadores vivos podem ser qualquer pessoa que concorde em doar o órgão, desde que não prejudique a própria saúde. Entre os órgãos que podem ser doados ainda em vida estão um dos rins, parte do fígado, parte da medula óssea e parte do pulmão. Pela lei, somente parentes até o quarto grau podem ser doadores vivos, sendo necessário autorização judicial caso fora do parentesco.