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R7 Brasília

Major suspeito de ensinar tática de guerrilha a extremistas diz que dedicou vida à defesa do Congresso

Afirmação foi feita por Claudio Mendes dos Santos na manhã desta quinta, durante depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Major presta depoimento à CPI do DF nesta quinta
Major presta depoimento à CPI do DF nesta quinta

O major da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) suspeito de ensinar táticas de guerrilha a extremistas do 8 de Janeiro negou a prática e afirmou que foi preso por, segundo ele, discordar de um promotor que queria levar manifestantes para a Esplanada dos Ministérios. A afirmação foi feita por Claudio Mendes dos Santos na manhã desta quinta-feira (9) durante depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do DF (CL-DF).

"Nenhum policial militar recebe técnicas de guerrilha. Isso não existe, a gente aprende a defender pessoas. Como vou fazer que um grupo de mulheres idosas fizessem qualquer tipo de treinamento em frente ao quartel-general do Exército?", questionou.

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Segundo o major, ele apenas teria dito aos extremistas que se sentassem no chão e não se aproximassem da polícia caso houvesse uma ação para conter a manifestação.

"Eu não queria que as pessoas descessem a Esplanada porque eram pessoas idosas, senhoras de até 70 anos, não tinha condição de andarem do Q.G. até lá", disse. Questionado sobre a função do Exército, o major declarou que os oficiais garantiam a "segurança" dos acampados e em nenhum momento teriam pedido a desocupação da área em frente ao quartel. Claudio Mendes afirmou, ainda, que o Exército não foi conivente e que apenas "seguiu a Constituição".


Mendes acrescentou que defendeu o Congresso "a vida inteira" e que não iria coordenar algo para fazer mal à instituição. "Eu me especializei em instrução de segurança de tiro, justamente para evitar acidentes, para, quando estão manuseando as armas, não ocorrer nenhum acidente", disse.

Pregação

O major da PM afirmou ao colegiado que aparecia no acampamento do Q.G. apenas para realizar pregação e diz que não fugiu do DF, mas foi para Curitiba, no Paraná, porque a ex-mulher estava atrapalhando o relacionamento dele com a atual esposa e os filhos. "Eu fui viver a minha vida. Não sou um criminoso e não cometi crime. O que fiz foi ir a uma manifestação e agora estou há nove meses sem contato com a minha família", disse.

"Quando terminou o meu trabalho missionário ali [no Q.G.], eu quis mudar para Curitiba para fazer o tratamento dela. No entanto, quando chegamos lá, descobrimos que o convênio da PM não cobria tratamento lá", declarou.

Segundo o policial militar, ele está preso apenas porque discordou do promotor de Justiça Wilson Koressawa, que, de acordo com Mendes, queria levar manifestantes para a praça dos Três Poderes. Koressawa seria um ex-juiz que teria pedido a prisão do ministro Alexandre de Moraes no fim de 2022.

Entenda

Claudio Mendes dos Santos é policial da reserva da PM e ex-membro do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope). Ele estava com o depoimento marcado para o dia 19 de outubro, mas apresentou atestado após passar mal e ser levado pela polícia a uma unidade de pronto atendimento (UPA) de São Sebastião.

O major chegou a permanecer vários dias no acampamento em frente ao quartel-general do Exército e fazia discursos a favor de uma intervenção militar no país. Dias antes da invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, ele chegou a convocar a população para as manifestações e pediu o auxílio de policiais na tarefa.

Mendes dos Santos foi preso em março, durante a nona fase da Operação Lesa Pátria, e também foi citado em depoimento de Alan Diego dos Santos, condenado por planejar um atentado a bomba no Aeroporto Internacional de Brasília na véspera do Natal. Segundo Alan Diego, ele nunca viu o major dando aulas de técnicas militares, mas todos o conheciam como um “orientador”.

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