Mauro Cid diz que quer manter delação, confirma depoimento e afirma que não foi coagido pela PF
Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi ouvido por um juiz instrutor do gabinete de Alexandre de Moraes, do STF, nesta sexta
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
No depoimento que prestou ao STF (Supremo Tribunal Federal) nesta sexta-feira (22), o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, disse que quer manter a delação premiada, confirmou o depoimento, afirmou que não foi coagido pela PF (Polícia Federal) para depor e falou que não fala com nenhum outro investigado. Ele prestou depoimento sobre um áudio no qual fez ataques à PF e ao ministro Alexandre de Moraes e foi preso em seguida.
Na gravação, Cid afirma que a PF o pressionou a relatar fatos que não aconteceram e a detalhar eventos sobre os quais não tinha conhecimento. Ele também critica a atuação de Moraes, dizendo que o ministro faz o que bem entender.
O depoimento no Supremo, nesta sexta-feira, foi dado ao desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Ao ser questionado se reafirma a manifestação voluntária que externou na audiência realizada em 6 de setembro do ano passado, também no STF, Cid respondeu que "sim" e que "a vontade continua sendo a mesma".
O senhor foi coagido em algum momento, por qualquer pessoa ou instituição, a firmar acordo de colaboração?
Para essa pergunta, o tenente-coronel afirmou que "a decisão foi própria, de livre e espontânea vontade".
O senhor deseja manter o acordo de colaboração premiada ou pretende rompê-lo?
Como resposta, Cid disse que tem a intenção de manter o acordo "nos exatos termos que foi celebrado".
Poucos contatos
No depoimento, Mauro Cid foi questionado se está mantendo contato, por qualquer meio, com outros investigados ou interlocutores desses investigados e afirmou que "não".
Poderia nominar as pessoas com as quais tem conversado regularmente?
"Meu irmão Daniel Cid, meu cunhado, minha prima, meu amigo Rafael Maciel, os coroneis Sobral e Lessa, que são mais próximos, eram da minha turma, e o sargento Tiago. Não tenho contato com nenhum político, ninguém do Judiciário, ninguém de núcleo/esfera política."
Preso em seguida
"Após o término da audiência de confirmação dos termos da colaboração premida, foi cumprido mandado de prisão preventiva expedido pelo Ministro Alexandre de Moraes contra Mauro Cid por descumprimento das medidas cautelares e por obstrução à Justiça. Mauro Cid foi encaminhado ao IML [Instituto Médico Legal] pela PF", informou o STF.