Mauro Vieira critica tarifa dos EUA contra o Brasil e afirma que medida é indefensável
Ministro das Relações Exteriores diz que alegação de Trump para justificar medida foi fabricada por desconhecimento
Brasília|Do R7, em Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, disse nesta sexta-feira (18) em entrevista exclusiva à RECORD que a tarifa de 50% contra o Brasil anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é indefensável.
Segundo Vieira, a justificativa apresentada pelo norte-americano para impor a taxação foi “fabricada por um desconhecimento”.
“As tarifas são indefensáveis porque, na carta, o Trump diz que os impostos são aplicados devido ao superávit do Brasil com os Estados Unidos. Isso é uma falácia, é uma mentira”, afirmou Vieira.
No início de julho, Trump enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva informando sobre o tarifaço. Segundo o presidente norte-americano, trata-se de resposta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas dos Estados Unidos e ao tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
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A carta também aborda alguns aspectos do comércio bilateral entre países, com Trump sugerindo que os Estados Unidos estariam acumulando prejuízos comerciais na relação com o Brasil.
No entanto, essa afirmação foi negada pelo presidente Lula e rebatida com ênfase por Mauro Vieira. “Se considerar os últimos 15 anos, foram registrados déficit de US$ 410 bilhões do Brasil para os Estados Unidos. Portanto, a alegação para essa taxação não existe”, garantiu o chanceler.
Brasil tenta diálogo com os EUA
O ministro também ressaltou que, desde abril, quando os EUA anunciaram a imposição unilateral de tarifas a diversos países, incluindo uma taxa de 10% sobre o aço brasileiro, o Brasil manteve diálogo constante com representantes da Casa Branca.
Segundo Vieira, esse diálogo está dentro da prática diplomática do Brasil. O governo federal garante que enviou uma carta a autoridades dos EUA em 16 de maio para tentar negociar as tarifas. Contudo, Vieira comentou que o Executivo foi surpreendido pela carta de Trump anunciando o imposto de 50%.
Vieira também afirmou que o Brasil continua querendo negociar a redução das tarifas impostas pelos Estados Unidos. Segundo ele, após o envio da carta de Trump ao presidente Lula, o governo brasileiro respondeu com uma nova correspondência, na qual apresentou propostas para solucionar o impasse.
Até o momento, não houve uma resposta oficial por parte das autoridades norte-americanas.
“Mandamos uma carta pedindo que eles respondessem a nossa carta em que nós apresentávamos propostas que eram consequências das negociações que nós fizemos. Estamos esperando que haja uma resposta. Não posso dizer agora o que vai acontecer, mas será uma consequência dessa carta”, afirma o ministro.
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