Menos da metade das redes de ensino têm políticas de redução de desigualdade em escolas
Dados, referentes aos estados, fazem parte de um diagnóstico inédito sobre as políticas de educação para as relações étnico-raciais
Brasília|Giovana Cardoso, do R7, em Brasília
No Brasil, apenas 11 redes estaduais de educação possuem políticas de valorização e reconhecimento de iniciativas votadas à redução das desigualdades em escolas. O índice, que corresponde a 40,7% das redes estaduais, é maior quando comparado ao dos municípios, em que o valor foi de 10,4% (567). Os dados fazem parte da Política Nacional de Equidade, Educação para as Relações Étnico-Raciais e Educação Escolar Quilombola (Pneerq), divulgados nesta segunda-feira (18) pelo MEC (Ministério da Educação).
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Segundo a pasta, o diagnóstico foi feito a partir de um questionário respondido por secretarias estaduais e municipais. A taxa de resposta foi de 98%, com 5.474 respondentes. Para a pasta, os dados poderão auxiliar o MEC, os estados e os municípios na criação ou no aprimoramento de políticas educacionais para as relações étnico-raciais.
“O debate sobre equidade no Brasil, no ponto de vista orçamentário, é muito recente. Então, houve também a ausência de uma coordenação federativa da própria União para fazer esse movimento de virada de chave levou que tivéssemos indicadores mais frágeis, como o de gestão, principalmente quando você coloca indução financeira”, disse Zara Figueiredo, secretária de Educação Continuada do MEC.
Desde a implementação da lei que tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira nas escolas, há 21 anos, nenhum levantamento havia sido realizado. Durante a divulgação dos dados, a secretária também comentou que apesar dos estados e municípios terem produzido e implementado ações sobre o tema, elas foram mais voltadas para uma formação individualizada.
“O índice dos estados é maior, mas isso decorre das assimetrias federativas. Você tem 5 mil municípios muito diferentes entre si em termos de capacidade estatal e orçamentarias. Então, ao fazer essa avaliação, você precisa considerar essas capacidades estatais dos entes federados”, disse Zara.
Educação étnico-racial
O levantamento aponta, ainda, que 74,1% das redes estaduais disseram ter produzido alguma normativa para a implementação da educação para as relações étnico-raciais e da educação escolar quilombola no país. Já nas redes municipais, o número cai para 42,6%.
Desde a sanção da lei, 88,9% das redes estaduais ofertaram, pelo menos uma vez, cursos relacionado ao tema para professores, de no mínimo 30 horas. Ao nível municipal, o valor correspondente a 46,4%.
Em relação à formação, os municípios do Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Ceará foram os estados com maior índice de redes que ofereceram algum curso aos professores, com 79%, 77% e 67%, respectivamente.