Ministro das Relações Exteriores deve comparecer ao Senado em março para debater crise com Israel
Mauro Vieira foi convidado para prestar esclarecimentos na Comissão de Relações Exteriores e deve comparecer em março
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, deve comparecer à CRE (Comissão de Relações Exteriores) do Senado na primeira semana de março para prestar esclarecimentos sobre a crise do governo brasileiro com Israel. Os senadores querem questionar a postura do Executivo após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser considerado "persona non grata" por Israel.
O convite foi encabeçado pelo senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da comissão. "Convidei o chanceler Mauro Vieira para ir à CRE do Senado debater a crise com Israel, responder indagações e dúvidas. O ministro, como sempre, se prontificou a ir já na primeira semana de março, em virtude das agendas do G20 e outros compromissos internacionais", escreveu Calheiros pelas redes sociais.
O convite de Calheiros ocorre um dia depois de o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), protocolar um pedido de convocação do ministro com o mesmo objetivo. Caso o requerimento seja aprovado pelos senadores do colegiado, o ministro é obrigado a comparecer. Na justificativa, o senador afirma que a fala do presidente Lula "desmontou" a tradição brasileira que historicamente "preza pelo diálogo, pela paz e pela segurança".
Movimentos
Na segunda-feira (19), o ministro Mauro Vieira se reuniu com o embaixador israelense no Brasil, Daniel Zonshine, e tratou da preocupação do Brasil com a postura do chanceler israelense, Israel Katz, em relação ao embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer.
A convocação do embaixador de outro país para uma reunião, como fez Vieira, é uma expressão de descontentamento e uma busca por esclarecimentos por parte do país envolvido, já que anteriormente Katz convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv para uma reprimenda no Memorial do Holocausto, em Jerusalém, e anunciou que Lula não é bem-vindo em Israel até que se retrate de comentários que fez comparando a guerra realizada por Israel em Gaza ao Holocausto promovido contra os judeus na Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, o governo brasileiro orientou Frederico Meyer a voltar de Israel ao Brasil. Ele iniciará sua viagem de retorno nesta terça (20). Essas ações foram uma resposta às declarações sérias do governo de Israel nesta segunda-feira, como informado pelo Itamaraty.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi classificado por Israel como "persona non grata" por declarações em que comparou as ações de defesa israelense no conflito contra o grupo terrorista Hamas ao nazismo.
Segundo o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, o presidente brasileiro é considerado indesejado no país até que haja uma retratação sobre as declarações.
A declaração de Lula foi dada durante entrevista coletiva realizada no último domingo (18), depois da participação do presidente na 37ª Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, em Adis Abeba, capital da Etiópia. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza, com o povo palestino, não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu. Quando Hitler decidiu matar os judeus", afirmou o petista na ocasião.