Ministro do Trabalho sugere psiquiatra para Campos Neto se Banco Central não baixar juros
Luiz Marinho falou em 'inadequação esquizofrênica' do presidente do BC; taxa básica de juros está em 13,75% desde agosto de 2022
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
O ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, disse nesta quinta-feira (27) que pode ser necessário "contratar um psiquiatra" para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, caso ele não reduza a Selic, a taxa básica de juros do país.
O índice está em 13,75% desde agosto do ano passado.
O potencial do mercado de trabalho brasileiro é chegar%2C em 12 meses%2C a 2 milhões de empregos. Pode não ser alcançado e pode ser ultrapassado%2C a depender do comportamento do BC. Tudo depende da reunião [do Copom] na semana que vem%2C se inicia a fase de redução de juros ou não%2C se começa com [redução de] 0%2C25% ou 0%2C75%%2C qual é o número que o BC vai anunciar. O que parece ser uma grande unanimidade de especialistas e instituições é que a redução virá. Agora%2C quanto%2C ninguém é capaz de apostar. Ficamos na torcida para que seja o maior possível%2C porque você pode sinalizar para os agentes que estão decidindo a retomada do investimento%2C da produção%2C se aumenta o ritmo da linha para contratar mais gente ou não.
A próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da taxa, está marcada para a semana que vem.
"Projeções são catastróficas se a irresponsabilidade chegar a esse grau de insanidade, que eu espero que não, [espero que] baixe a sensatez. Ninguém acredita na possibilidade de o BC não iniciar o processo de redução dos juros. Se isso ocorrer, é uma situação bastante grave, necessitaria da autoridade responsável, no caso o Senado, uma tomada de providências, de pautar esse assunto, para observar o que está acontecendo. Se contrata um psiquiatra, o que a gente faz com o cidadão", afirmou Marinho.
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A fala ocorreu durante a apresentação dos dados do Cadastro Nacional de Empregados e Desempregados (Caged), órgão ligado à pasta do Trabalho e Emprego. Segundo o Caged, o Brasil criou 157.198 vagas com carteira assinada em junho, resultado de 1.914.130 contratações e 1.756.932 demissões.
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O R7 procurou o Banco Central e não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
Para o ministro, os números poderiam ter sido ainda melhores, não fosse o patamar elevado da Selic. "A projeção [de geração de empregos], não fosse essa inadequação esquizofrênica do comportamento dos juros no Brasil, poderíamos estar falando em 200 mil novos empregos. Portanto, se tivesse tido um comportamento diferente, talvez pudéssemos estar comemorando, no primeiro semestre, na ordem de 1,2 milhão de empregos ou 1,15 milhão de empregos. Estamos falando em 1,023 milhão", continuou.
Marinho declarou, ainda, que é "uma unanimidade no mercado que os juros estão atrapalhando as atividades econômicas". De acordo com o ministro, a Selic interfere diretamente na quantidade de empregos gerados.
Também nesta quinta, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que há uma "coleção de fatores" para a queda da Selic em agosto. A declaração foi dada na chegada ao Ministério da Fazenda, antes de uma reunião com a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet.
Entenda
A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária do Banco Central no controle da inflação. Por influenciar todas as taxas de juros do país, ela tem um peso no bolso do consumidor quando se trata de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.
Em um cenário de inflação alta, o Copom pode elevar a Selic para desestimular o consumo. A medida pode subir os juros do cartão de crédito, de empréstimos e de cheques especiais. A estratégia busca levar o consumidor a adiar uma compra e, assim, controlar a inflação.
Uma situação prática: quem for ao banco simular um empréstimo para comprar um carro poderá ver o plano falhar se a Selic subir no mês seguinte. Isso porque o aumento da taxa fará com que as prestações fiquem mais caras do que foi originalmente simulado, o que pode forçar o consumidor a repensar o empréstimo e a compra.