Moraes ‘palmeirense’, clima de Fla-Flu e olho nas redes: os bastidores do julgamento do núcleo 4
Ministros julgam sete réus acusados de disseminar desinformação e atacar instituições; sessão será retomada na próxima semana
Brasília|Rafaela Soares, do R7, em Brasília
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O primeiro dia de julgamento do chamado núcleo 4 da desinformação, na 1ª Turma do STF (Supremo Tribunal Federal), ocorreu em clima mais leve, especialmente se comparado à tensão registrada durante o julgamento do núcleo considerado crucial.
Logo pela manhã, Flávio Dino presidiu sua primeira sessão como presidente da Turma. A expectativa era de que a apresentação do relator, ministro Alexandre de Moraes, e do procurador-geral da República (PGR), Paulo Gonet, dominasse o dia. No entanto, o andamento foi mais fluido, com falas concisas, mas enfáticas.
Moraes ‘palmeirense’ arranca risadas
Durante as sustentações orais das defesas, um momento de descontração provocou risos no plenário. O advogado Melillo Dinis do Nascimento, defensor de Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, presidente do movimento Voto Legal, usou o próprio ministro Moraes como exemplo ao falar sobre a banalização da desinformação:
“Vivemos um momento histórico em que qualquer desinformação pode ser atribuída a qualquer pessoa. Quer ver? Se eu disser que o ministro Alexandre de Moraes é torcedor do Palmeiras, isso não é apenas injusto, como pode trazer consequências quando ele for ao Itaquerão.”
Moraes entrou na brincadeira e respondeu que o defensor enfrentaria “consequências sérias”, provocando ainda mais risos.
Troca na PGR chama a atenção
Outro destaque do dia foi a substituição de Paulo Gonet, que participou apenas da sessão da manhã. À tarde, o subprocurador-geral da República Paulo Vasconcelos Jacobina assumiu a cadeira. Como a sustentação da PGR já havia sido realizada, ele limitou-se a acompanhar os trabalhos, com breves interações com Dino e um aceno cordial aos advogados de defesa ao final da sessão.
Aluno reencontra ex-professora na Corte
O julgamento também foi palco de um reencontro marcante. O advogado Hassan Souki, ao iniciar a defesa de um dos réus, saudou a ministra Cármen Lúcia e fez questão de lembrá-la que foi seu aluno na PUC-RS, mencionando inclusive ensinamentos aprendidos em sala de aula.
Souki já havia destacado a relação acadêmica com a ministra em fases anteriores do julgamento.
Ao fim da sessão, Dino ressaltou outro ponto simbólico: apenas uma das defesas foi representada por uma mulher, a advogada Juliana Malafaia.
Clima de Fla-Flu: metáfora para a polarização política
Durante sua sustentação, o defensor Hassan Souki também recorreu ao futebol para ilustrar o cenário de polarização política vivido em dezembro de 2022, período em que ocorreram os atos em julgamento.
“Estamos ainda em um momento político complicado, um verdadeiro Fla-Flu, ministro Luiz Fux; um verdadeiro Corinthians e Palmeiras, ministro Alexandre de Moraes. Temos parcelas da população entrincheiradas, cada uma com sua compreensão dos fatos, suas convicções, e se digladiando”, observou.
A fala, dirigida a Fux — torcedor declarado do Fluminense — e a Moraes, torcedor do Corinthians, provocou sorrisos, mesmo que tímidos, e reforçou o tom simbólico da comparação.
Repercussão nas redes
Um trecho da fala de Souki durante as sustentações orais também repercutiu entre advogados de defesa. Segundo ele, a sua atuação no caso conseguiu desagradar tanto à esquerda quanto à direita.
“Depois que vim aqui pela primeira vez, até comentei com meus colegas advogados que minhas redes sociais ficaram cheias de comentários [...] Mas não acredito que esse seja o papel do advogado. Minha preocupação principal é, e sempre será, a defesa do meu cliente.”
Ao final da sessão, o advogado foi visto conferindo os comentários da transmissão oficial do julgamento no YouTube e comentou com colegas que gostava disso. “Ainda não vi nenhum sobre a minha aparência”, acrescentou, em tom de brincadeira.
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