Vocalista da banda Mayhem em turnê de 2008
Reprodução/Wikimedia CommonsO Ministério Público Federal (MPF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) pediram o cancelamento do show da banda norueguesa de black metal Mayhem por supostas práticas discriminatórias, como apologia do nazismo, violência e mutilação. O evento está previsto para acontecer na próxima quarta-feira (22) no Toinha Brasil, em Taguatinga, no Distrito Federal.
A recomendação pede ainda o descadastramento e a tomada das providências necessárias para que a apresentação não aconteça, além da interrupção da divulgação e venda de ingressos. O show da banda que ocorreria em Porto Alegre (RS) no dia 21 de março foi cancelado.
Nas redes sociais, a casa de shows defendeu a realização do evento e compartilhou o posicionamento de um dos integrantes da banda. No texto, o músico afirma que o grupo é uma "entidade apolítica que não tolera racismo, homofobia, ou qualquer outro crime de ódio". O texto compartilhado diz ainda que, no passado, algumas declarações contrárias circularam por membros individuais, mas que essa nunca foi a postura oficial da banda.
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O R7 tentou contato com a casa de shows, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem. O espaço continua aberto para manifestações.
"Há evidências de que integrantes e ex-integrantes da banda estão envolvidos com apologias neonazistas, suicídio, canibalismo e assassinato, além de diversos tipos de violência e discriminação, incluindo queima de igrejas, referências à extrema violência, incitação à mutilação, declarações racistas e antissemitas, entre outros", diz a recomendação, assinada por promotores.
O documento foi enviado à Administração Regional do Guará, onde fica a casa de shows, à Secretaria de Segurança Pública e às empresas envolvidas na produção do evento.
O texto afirma ainda que a liberdade de expressão possui "relevante papel no Estado democrático de Direito", mas não pode implicar "a aceitação jurídica da promoção de discurso de ódio e/ou do ataque, em espaço público ou privado, de qualquer indivíduo, grupo ou coletividade".
O MPDFT afirma que foi acionado na quinta-feira (16) por representantes de movimentos sociais que lutam contra o racismo e o antissemitismo e que logo entrou em contato com o MPF para a expedição da recomendação conjunta, tendo em vista a "gravidade dos fatos noticiados e a inadmissibilidade da realização desse tipo de evento no Distrito Federal ou em qualquer lugar do mundo".