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MPF repudia afirmação de que a PGR não agiu durante a pandemia da Covid-19

Declaração é de uma professora da Fundação Getulio Vargas dada durante uma entrevista com o ministro do STF Gilmar Mendes

Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília

MPF não citou nomes no texto de esclarecimento
MPF não citou nomes no texto de esclarecimento

Em repúdio ao que afirmou uma professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) de São Paulo sobre a posição da Procuradoria-Geral da República (PGR) durante a pandemia da Covid-19 no Brasil, o Ministério Público Federal (MPF) afirmou nesta terça-feira (9) que disseminar informações corretas "é essencial para a proteção da cidadania".

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A posição do MPF (veja a nota completa abaixo) foi divulgada após a docente Eloisa Machado de Almeida afirmar que a PGR não agiu durante a pandemia, que atingiu o Brasil a partir de fevereiro de 2020. A declaração foi dada durante um programa de entrevistas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes, na noite dessa segunda (8).


A disseminação de informações corretas e precisas é essencial para a proteção da cidadania%2C sendo responsabilidade de todos%2C sobretudo%2C de jornalistas%2C pesquisadores e agentes públicos que não podem ignorar fatos em prol de interesses pessoais ou corporativos.

(Ministério Público Federal (MPF), por meio de nota)

O MPF, porém, não citou nomes no texto de esclarecimento. Ao R7, a FGV informou que "não tem conhecimento das declarações e reitera que posicionamentos ou juízos de valor pessoais não podem ser confundidos ou interpretados como posicionamento institucional da Fundação Getulio Vargas". A reportagem também procurou o STF, que não enviou posicionamento até a última atualização deste texto. 

Ao perguntar a avaliação do ministro acerca da atuação da PGR durante a emergência sanitária, a professora declarou que houve "retração".


"Nesses últimos quatro anos, a PGR vivenciou a maior retração possível na sua atuação no STF, seja nas ações criminais originárias, seja no controle dos atos do governo. Fizemos um levantamento e percebemos que a PGR foi responsável por apenas 2% das ações de controle dos atos em relação ao governo Bolsonaro", afirmou a professora.

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"Na pandemia, por exemplo, não teve nenhuma ação que saiu da PGR. Na sua avaliação, essa retração da PGR fez com que o STF precisasse dar um passo a mais na sua autodefesa, com, por exemplo, o inquérito das fake news? É possível imaginar que na nossa constiuição existe um poder sem controle e esse poder seria o do procurador-geral da República não agir?", questionou Eloisa.


Posição do ministro

Ao responder a professora, Gilmar Mendes ponderou que o atual procurador-geral da República, Augusto Aras, também teve acertos. Aras foi indicado para o cargo pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em setembro de 2019, embora não integrasse a lista tríplice encaminhada pela instituição.

É muito dificil fazer um juízo muito severo da gestão do procurador Aras. Acho que ele teve méritos e também teve seus problemas. A pergunta que faço%2C e que acho que está implícita ou talvez explícita na sua pergunta%2C é%3A o que aconteceu com o Ministério Público%3F Você deu o exemplo da pandemia. De fato%2C o Ministério Público desapareceu%2C não foi só o procurador-geral%2C mas o Ministério Público como um todo. O general Pazuello [ex-ministro da Saúde de Bolsonaro]%2C que atuou da forma como atuou ou deixou de atuar%2C sai incólume de ações%3F Não teve ação de improbidade. Não nos esqueçamos%2C a desarrumação da PGR já vem de algum tempo. Como tudo é relacional%2C não podemos esquecer. Essa PGR teve [Rodrigo] Janot como procurador.

(Gilmar Mendes, ministro do STF, em resposta à professora Eloisa Machado)

Janot foi procurador-geral entre 2013 e 2017, indicado pela então presidente Dilma Rousseff (PT). Janot já admitiu que pensou em assassinar Gilmar Mendes.

Procuradoria-Geral da República

Sede administrativa do MPF, a PGR fica em Brasília e reúne os 73 subprocuradores-gerais da República, último posto da carreira de membro do MPF. O procurador-geral da República é chefe da instituição.

A PGR atua em parceria com o STF, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O procurador-geral da República é responsável por definir os subprocuradores-gerais que atuarão nas turmas das cortes.

Nota completa do MPF

Não é verdade que o Ministério Público Federal (MPF) deixou de atuar durante a pandemia de covid-19. Ao contrário do que foi dito nessa segunda-feira (8), a instituição realizou, desde o início de 2020, intenso trabalho tanto judicial quanto extrajudicial em todo o país, como comprovam números e relatórios já disponibilizados.

A disseminação de informações corretas e precisas é essencial para a proteção da cidadania, sendo responsabilidade de todos, sobretudo, de jornalistas, pesquisadores e agentes públicos que não podem ignorar fatos em prol de interesses pessoais ou corporativos.

Quanto às ações desenvolvidas pelo MPF no combate ao coronavírus, o propósito foi assegurar desde a fiscalização na aplicação de recursos públicos até o fornecimento de medicamentos, vacinas, insumos hospitalares e de leitos para o atendimento das vítimas.

Entre as iniciativas e ações realizadas, destacam-se:

1. A criação do Gabinete Integrado de Acompanhamento da Epidemia Covid-19 (Giac) ainda em março de 2020, que promoveu a integração de todo o MP brasileiro com governos federal, estaduais e municipais e outros atores envolvidos na temática para viabilizar respostas rápidas aos desafios impostos pela pandemia;

2. Essa estratégia de articulação nacional teve vários objetivos, entre eles, o de evitar a judicialização de demandas e garantir a efetividade das ações concretas imprescindíveis naquele momento. Ao todo, o Giac realizou 347 reuniões, expediu 546 ofícios com solicitações de providência a diversas autoridades, emitiu 229 boletins informativos, além de criar uma rede de 150 focalizadores nos estados, que atuaram para agilizar a resolução dos problemas;

3. A Procuradoria-Geral da República (PGR), em conjunto com o Conselho Nacional do Ministério Público, expediu recomendação para que valores decorrentes da atuação judicial e extrajudicial fossem revertidos para o combate ao vírus. Entre 2020 e 2021, foram destinados R$ 4,4 bilhões decorrentes de ações judiciais ou de acordos firmados pelo Ministério Público para o combate à pandemia;

4. O MPF atuou e acompanhou a implantação de plano de contingência nacional da covid-19 em comunidades indígenas para garantir o isolamento das populações, a vacinação em caráter prioritário e outros atendimentos na área de saúde;

5. Várias providências foram adotadas por integrantes da instituição – inclusive de natureza jurídica – para fiscalizar a aplicação dos recursos públicos destinados ao enfrentamento da doença, responsabilizar criminalmente agentes públicos por fraudes e irregularidades descobertas. Ao todo, foram instaurados 1.967 procedimentos extrajudiciais e 11.281 ações judiciais;

6. Referente à crise de oxigênio, que afetou de forma especial o estado do Amazonas, o MPF apresentou ações de improbidade administrativa contra agentes públicos, incluindo o ex-ministro da Saúde que também responde por dano ao erário;

8. O MPF vem atuando ainda na cobertura vacinal ampla e com ciclos atualizados por todo o Brasil, especialmente, nas localidades mais distantes dos centros urbanos, recomendando busca ativa e campanhas de esclarecimentos sobre a importância da vacinação no combate à covid-19.

9. Além disso, o procurador-geral da República, Augusto Aras, se manifestou em todas as ações constitucionais versando sobre a covid-19 desde o início da pandemia. Essas manifestações – a grande maioria integralmente acatada pelo Supremo Tribunal Federal – podem consultadas no portal institucional.

10. Nesse sentido, a avaliação do PGR é que críticas infundadas, como as manifestadas no programa Roda Viva desta semana, decorrem de insatisfação de atores com a atuação do procurador-geral que, entre outras providências, frustrou repasses oriundos de acordos de leniência de R$ 2,3 bilhões a organizações não governamentais, fato também já publicizado pela instituição.

Por tudo isso, a instituição reitera o seu compromisso com a defesa da sociedade em todos os temas de sua atribuição e de forma especial, neste momento, daqueles que guardam relação com a pandemia de covid-19 e seus desdobramentos. Também enfatiza que o combate a informações falsas é um dever de todos e que tem relação direta com a credibilidade das instituições ante a verdade e a memória inerentes ao Estado de Direito.

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