Mulher diz ter sofrido violência sexual de Silvio Almeida: ‘levantou a saia e colocou a mão’
Caso teria ocorrido em 2019; vítima afirma que ministro teria tocado partes íntimas dela sem consentimento
Brasília|Carlos Eduardo Bafutto e Bruna Lima, do R7, em Brasília
A professora Isabel Cristina Rodrigues publicou nesta sexta-feira (6) nas redes sociais um relato em que afirma ter sofrido violência sexual por parte do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida. O caso teria ocorrido em 2019, durante um almoço, quando Isabel fazia parte do Conselho Pedagógico da Escola de Governo. “Sofri violência sexual por parte do ministro. Sentei do lado dele e não sei por qual motivo ele se achou no direito de invadir as minhas partes íntimas sem o meu consentimento. A violência sexual sofrida há cinco anos foi tema em sessões de terapia”, relata a professora.
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Eu estava de saia. Ele levantou a saia e colocou a mão nas minhas partes íntimas. Com vontade. Eu fiquei estarrecida. Fiquei com vergonha das pessoas [...] Demorou para eu entender que eu estava sendo vítima de violência sexual. Demorou para entender que era um crime
Para Isabel, o ministro fez mais vítima do que as 14 enumeradas pela ONG Me Too Brasil. “Eu acredito que não foram somente 14. Acredito que foram muitas,” afirma. Ela declara ainda que, tempos depois do suposto ocorrido, entrou em contato com Silvio, disse ter sido vítima de violência sexual praticada por ele e que o ministro estaria ciente disso por ser advogado. Então, ele teria a chamado de “louca”.
Segundo Isabel, o ministro tentou fazê-la acreditar que estava arrependido. Ele teria dito que estava muito mal e que procuraria uma terapia pelo que causou em uma amiga. “Depois, entendendo melhor a situação, acredito que ele quis que eu ficasse com dó dele. E, na hora, confesso que eu fiquei. Fiquei com pena do agressor,” diz ela.
Por justiça e pela verdade: eu sofri violência sexual do ministro de Direitos Humanos. Que pena. Um homem preto, com tanta inteligência e brilhantismo, mas que infelizmente cometeu violência contra o meu corpo”
Isabel afirma ainda que, após as denúncias, várias pessoas prestaram solidariedade a ela e outras recomendaram cuidado com a exposição.
Veja abaixo a íntegra do texto publicado pela professora que teria sofrido violência sexual de Silvio Almeida
“Fui amiga de Silvio de Almeida na ocasião em que ele fazia parte do Conselho Pedagógico da Escola de Governo. Fiz parte dessa Escola como aluna e professora. Dia 03 de agosto de 2019, foi o dia que, em um almoço, onde tinham mais pessoas, sofri violência sexual por parte do ministro. Sentei do lado dele e não sei por qual motivo ele se achou no direito de invadir as minhas partes íntimas sem o meu consentimento. A violência sexual sofrida há cinco anos foi tema em sessões de terapia. Foi tema de conversas com minhas irmãs e amigos mais próximas. Pensei muitas vezes em denunciar. Não o fiz por vários motivos, e o motivo maior, foi o medo disso voltar contra mim. Silvio tem o conhecimento da lei e poderia facilmente fazer as coisas mudarem de rumo. O ministro diz não ter materialidade as acusações contra ele. As sessões de terapia. O retorno de minha família, de meus amigos ontem e hoje, ao saber das acusações contra ele materializam a violência que sofri. Ela é objetiva. Aconteceu. Demorou muito para eu tomar essa decisão. Sei porque estou tomando-a. Faço por mim, faço por todas as pessoas, sejam crianças, jovens, adultos, homens ou mulheres que têm seus corpos invadidos. É inadmissível, ocasionam traumas praticamente impossíveis de serem superados. Somo a voz dessas mulheres e de todos que sofrem violência sexual. Tomei a decisão porque essas mulheres estão sendo julgadas como mentirosas, como fazendo parte de um grupo contra o ministro. Faço essa declaração pública pelo compromisso com a verdade e a justiça. Infelizmente o ministro Silvio de Almeida cometeu violência sexual sim. Faço essa declaração pelas mulheres, pelas crianças, pelas pessoas vulneráveis que têm seus corpos invadidos. Não somos objetos. O corpo do outro é um templo sagrado que deve ser respeitado. Deve!!!”