Operação contra grilagem no DF mira ex-administrador, empresários e servidores
Organizações criminosas abriram cartório falso para fraudar documentos e movimentaram cerca de R$ 20 milhões
Brasília|Jéssica Moura, do R7, em Brasília
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (19), uma operação que busca desarticular três organizações criminosas envolvidas na grilagem de terras em São Sebastião, no Distrito Federal. Os agentes estão cumprindo 43 mandados judiciais de prisão preventiva contra empresários, agiotas, advogados e servidores públicos suspeitos de integrar os grupos. Até o momento, sete pessoas foram presas e 12 já usam tornozeleira eletrônica.
Entre os alvos da operação, está um ex-administrador da região. Segundo as investigações, o grupo criminoso movimentou cerca de R$ 20 milhões.
Os policiais estão nas ruas desde as 6h e fizeram buscas em endereços ligados aos investigados, residências, empresas e escritórios de advocacia. De acordo com o delegado Ulysses Luz, as fraudes com a venda clandestina de terrenos urbanos ocorriam desde 2011.
Segundo a apuração policial, foram apreendidas armas de fogo, projéteis, veículos de luxo, celulares, dinheiro em espécie, projetos e mapas das terras griladas.
De acordo com as investigações, empresários e agiotas lideravam o esquema criminoso que promovia o parcelamento irregular do solo urbano. Depois disso, vendiam os lotes por meio de contratos de Cessão de Direitos, com firma reconhecida. Os criminosos chegaram a abrir um cartório falso para reconhecer firma e autenticar documentos de maneira fraudulenta. Servidores públicos também auxiliariam a execução das fraudes.
Após a venda dos lotes, os suspeitos operavam um esquema complexo de lavagem de dinheiro. Para isso, usavam as contas bancárias de laranjas, como um cobrador de ônibus, e de empresas de fachada. Em seguida, investiam os valores em concessionárias, academias e lojas de materiais de construção para que o dinheiro voltasse à circulação.
Os envolvidos são investigados por integrar organização criminosa, lavagem de dinheiro, parcelamento irregular do solo urbano e crimes ambientais. Segundo a Polícia Civil, as investigações vão continuar para identificar novos envolvidos.