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R7 Brasília

Orçamento secreto tem quase R$ 16 bi de recursos de anos anteriores parados

Mesmo com autorização, valores ainda não foram aplicados; dinheiro foi reservado para ações de 14 ministérios

Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília

Fachada do Ministério da Fazenda, na Esplanada, em Brasília
Fachada do Ministério da Fazenda, na Esplanada, em Brasília

Apesar de ter sido extinto pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2022, o chamado orçamento secreto — nome pelo qual ficaram conhecidas as emendas de relator — tem aproximadamente R$ 16 bilhões que receberam autorização para serem gastos em anos anteriores e que até hoje não foram utilizados.

Leia mais: Congresso pressiona governo para liberar verbas do extinto orçamento secreto

De acordo com números do Siga Brasil, um sistema de informações sobre o orçamento federal controlado pelo Senado, e do Painel do Orçamento Federal, ferramenta do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento, de 2020 a 2022 foram empenhados — ou seja, reservados — R$ 45 bilhões em emendas de relator para ações do governo. Desse total, R$ 29,1 bilhões já foram desembolsados, e o restante permanece como saldo remanescente.

Cabia ao governo decidir quando os recursos das emendas de relator seriam aplicados. O destino dos quase R$ 16 bilhões que não foram pagos até hoje já tinha sido definido no momento em que os valores foram empenhados e serviria para projetos relacionados a 14 ministérios.


O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, por exemplo, teve autorização para aplicar R$ 14,7 milhões de recursos do orçamento secreto, mas nem metade disso foi utilizada até o momento. Quase R$ 5,4 bilhões foram de fato pagos, e restam cerca de R$ 9,4 bilhões para serem aproveitados. O Ministério da Agricultura e Pecuária tem o segundo maior saldo remanescente — aproximadamente R$ 1,6 bilhão.

Outras pastas que ainda não utilizaram todo o valor autorizado pelo orçamento secreto são o Ministério da Saúde (R$ 1,4 bilhão), o Ministério da Educação (quase R$ 1,3 bilhão), o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (R$ 974,2 milhões) e o Ministério do Turismo (R$ 488,6 milhões).


Para 2023, o governo federal inscreveu um estoque de R$ 255,2 bilhões de restos a pagar. Consideram-se restos a pagar as despesas empenhadas mas não pagas até 31 de dezembro de anos anteriores. Até o momento, segundo o Siga Brasil, R$ 159,8 milhões em recursos remanescentes do orçamento secreto já foram pagos neste ano.

Na decisão que deu fim ao orçamento secreto, o STF estabeleceu que eventuais recursos de emenda de relator ainda não utilizados fossem destinados a atos de correção de erros e omissões e que caberia ao ministro de cada uma das pastas do governo orientar a execução desses montantes em conformidade com os programas e os projetos das respectivas áreas.

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