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Participação de Lula na ONU foi objetiva, mas protagonismo depende de entregas concretas

Especialistas avaliam que presidente reforçou a imagem do Brasil como liderança global; no entanto, eles dizem, faltam ações efetivas

Brasília|Iasmim Albuquerque*, do R7, em Brasília

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LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • A participação de Lula na Assembleia Geral da ONU destacou o Brasil no debate climático.
  • Especialistas divergem sobre a efetividade de seu discurso, apontando falta de medidas concretas.
  • Lula criticou as sanções dos EUA e houve uma interação cordial com Donald Trump, sugerindo uma possível reaproximação diplomática.
  • O Brasil precisa provar sua capacidade de implementar políticas ambientais enquanto equilibra o crescimento econômico antes da COP30.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

Lula foi o primeiro a discursar na ONU Ricardo Stuckert/PR - 23/09/2025

A Assembleia Geral da ONU se encerrou nesta quarta-feira (24) com destaque para a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chamou a atenção no cenário internacional.

Especialistas ouvidos pelo R7 avaliaram que o discurso do presidente projetou o Brasil no centro do debate climático e reforçou a imagem de Lula como liderança global. No entanto, as opiniões ficaram divididas quanto à efetividade e aos resultados práticos de sua fala.


Enquanto parte destacou o protagonismo brasileiro ao trazer pautas como créditos e sequestro de carbono, além de reafirmar compromissos com a democracia e o multilateralismo, outros consideraram a fala retórica e ideológica, sem detalhar medidas econômicas ou ações concretas que sustentem esse protagonismo até a COP30.

“A participação de Lula teve caráter tático e programático. Ele reafirmou temas centrais do governo e buscou projetar o Brasil como mediador e protagonista nas agendas do clima e da paz, projetando o país para a COP30. A consolidação desse protagonismo dependerá de entregas concretas (recursos, indicadores, redução do desmatamento) até a conferência. Sem esses resultados, o ganho de imagem pode ser frágil”, opinou o cientista político Murilo Medeiros.


Para o economista e CEO da Referência Capital, Pedro Ros, o presidente mais realizou um movimento de retórica política do que demonstrou resultados práticos.

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“Ele buscou reposicionar o Brasil no cenário internacional, mas sua fala ficou marcada por discursos ideológicos e pouco pragmatismo econômico. A ênfase em temas globais, como clima e desigualdade, é válida, mas faltou clareza sobre como o Brasil pretende transformar esses compromissos em políticas concretas de crescimento e atração de investimentos”, declarou Ros.


Lula x Trump: tensão e cordialidade

Um dos pontos centrais da Assembleia foram os discursos entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente americano, Donald Trump. Os líderes mantêm uma relação marcada por tensão diplomática e clima pouco amistoso.

Sem citar nominalmente o presidente americano, Lula criticou as “sanções arbitrárias e unilaterais” dos Estados Unidos, afirmando que o mundo assiste a um crescimento do autoritarismo.


Em contrapartida, Trump elogiou Lula e disse que teve uma “química excelente” ao cumprimentar o líder brasileiro antes do início da ONU. O norte-americano também afirmou que ambos concordaram em ter “um encontro na próxima semana”.

O “esbarrão” ocorreu entre o fim da fala de Lula e o início da declaração de Trump. À reportagem, pessoas que presenciaram o aperto de mão disseram que o encontro foi mutuamente cordial.

Para especialistas, houve uma quebra de gelo entre os dois presidentes, o que pode ser uma oportunidade para uma possível reaproximação diplomática.

Segundo André Bergo, Lula adotou um tom firme e quase estadista, mesmo sem citar nominalmente os Estados Unidos. Já o presidente americano, na opinião de Bergo, realizou um movimento inesperado ao elogiar o líder brasileiro.

“O Trump saiu do roteiro dele, tirou o telepromter e falou do Lula. Aquela imagem dele vendo, antes de entrar, Lula pela televisão, acompanhando seu discurso, mostra que há um momento de discussão importante“, comentou.

Na avaliação do Planalto, a mensagem do presidente brasileiro foi clara, direta e contundente. Interlocutores próximos ao petista afirmaram ao R7 que o recado reforçou a postura do governo brasileiro desde o anúncio das sobretaxas a itens nacionais.

Essas fontes avaliam que o discurso de Lula foi “prontamente” recebido pelos americanos. Tanto é, analisam, que logo em seguida houve a sinalização de Trump para a conversa na próxima semana.

Ganhos e pontos de atenção nas falas de Lula

Segundo o professor de Economia Internacional João Gabriel, o saldo mais relevante do Brasil na ONU foi a discussão de questões climáticas e ambientais, visto que o país sediará a COP30 em novembro.

“O saldo mais relevante da presença dele foi justamente poder discutir as questões climáticas e ambientais que são caras para o mundo inteiro e, em especial, para o Brasil. Na COP30, teremos a discussão principalmente da questão do crédito de carbono, dos sistemas de crédito de carbono que são tratados no mundo inteiro. Terão muitos tratados, acordos que serão negociados, que serão efetivados e que nos levarão a pontos positivos no futuro com relação à tentativa do cumprimento do acordo de Paris, como, por exemplo, o TFFF, que é o Tropical Forest Forever Facility, um acordo que deve vir a ser tratado na COP30″,detalhou o especialista.

O economista Pedro Ros, por outro lado, acredita que o governo tenha perdido a oportunidade de mostrar o pragmatismo econômico. “Faltou um discurso mais firme sobre abertura comercial, acordos bilaterais e medidas de incentivo a investimentos estrangeiros.”

Saldo positivo

De forma geral, especialistas avaliam que o Brasil ganhou visibilidade em relação à COP30, mas ressaltam a necessidade de avançar além do discurso.

“A retórica de Lula na ONU ajudou a colocar a COP30 no centro do calendário diplomático. Mas há uma lacuna entre o discurso de liderança climática e a percepção internacional sobre a implementação de políticas ambientais no Brasil. Isso cria um desafio de credibilidade operacional para transformar promessas em resultados mensuráveis até a COP30″, frisou o cientista político Murilo Medeiros.

Na visão do professor João Gabriel, o Brasil sai da ONU bem posicionado para a conferência do clima, demonstrando que no país já foi aprovado um sistema de crédito de carbono.

Para o economista Pedro Ros, por sua vez, o país anda precisa investir em políticas claras para o evento climático. “O Brasil chega à COP30 com discurso forte na área ambiental, mas precisa provar que consegue equilibrar essa agenda com crescimento econômico. O país tem potencial em energias renováveis e bioeconomia, mas ainda carece de políticas claras e consistentes que atraiam capital estrangeiro”, destaca.

Perguntas e Respostas

 

Qual foi o destaque da participação de Lula na Assembleia Geral da ONU?

 

A participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU, que se encerrou no dia 24, chamou atenção no cenário internacional, projetando o Brasil no debate climático e reforçando a imagem de Lula como uma liderança global.

 

Como especialistas avaliaram o discurso de Lula na ONU?

 

Especialistas avaliaram que o discurso de Lula trouxe pautas importantes, como créditos de carbono e compromissos com democracia e multilateralismo. No entanto, houve divisão de opiniões sobre a efetividade e os resultados práticos de sua fala, com alguns considerando-a excessivamente retórica e ideológica, sem detalhar medidas concretas.

 

Quais foram os principais pontos abordados por Lula em seu discurso?

 

Lula reafirmou temas centrais do governo e buscou projetar o Brasil como mediador nas agendas do clima e da paz, destacando a necessidade de entregas concretas até a COP30, como recursos e redução do desmatamento.

 

Como foi a interação entre Lula e Donald Trump durante a Assembleia?

 

Houve uma troca de discursos entre Lula e o presidente americano, Donald Trump, que, apesar da relação tensa entre os dois, elogiou Lula e afirmou ter tido uma "química excelente" ao cumprimentá-lo. Especialistas notaram uma possível quebra de gelo entre os presidentes, o que pode abrir oportunidades para reaproximação diplomática.

 

Qual foi a mensagem que Lula transmitiu em seu discurso?

 

A mensagem de Lula foi considerada clara e contundente, criticando sanções unilaterais dos Estados Unidos e reforçando a postura do governo brasileiro. Interlocutores próximos ao presidente afirmaram que o discurso foi bem recebido pelos americanos, resultando em uma sinalização de Trump para uma conversa futura.

 

Quais foram os principais resultados da participação do Brasil na ONU, segundo os especialistas?

 

Os especialistas destacaram que o Brasil ganhou visibilidade em relação à COP30, mas ressaltaram a necessidade de avançar além do discurso. A retórica de Lula ajudou a colocar a conferência no centro do calendário diplomático, mas há um desafio de credibilidade para transformar promessas em resultados mensuráveis.

 

O que os especialistas sugerem para o Brasil em relação à COP30?

 

Os especialistas sugerem que o Brasil precisa investir em políticas claras que equilibrem a agenda ambiental com o crescimento econômico. Embora o país tenha potencial em energias renováveis e bioeconomia, é necessário desenvolver políticas consistentes que atraiam capital estrangeiro.

 

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