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R7 Brasília

PEC dos Precatórios: maior bancada do Senado, MDB está dividido

Líder do MDB diz que conversará com o relator, Fernando Bezerra, na próxima semana e começará a ter um norte sobre a orientação

Brasília|Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Líder do MDB, Eduardo Braga, conversa com líder do governo, Fernando Bezerra, relator da PEC
Líder do MDB, Eduardo Braga, conversa com líder do governo, Fernando Bezerra, relator da PEC

Maior bancada do Senado, o MDB está dividido sobre o apoio à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) dos Precatórios, aprovada nesta semana na Câmara dos Deputados. A legenda tem o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (PE), que será o relator da proposta, mas também abriga o senador Renan Calheiros (AL), oposição ao governo, e Simone Tebet (MS), possível pré-candidata à Presidência da República pela sigla.

O cenário apontado pelo líder da bancada, Eduardo Braga (AM), é de divisão. Ele diz que a dúvida sobre o projeto ainda paira e que vai esmiuçar, junto com sua equipe, a proposta nos próximos dias. Na semana que vem, vai se reunir com Fernando Bezerra e depois conversar individualmente com os senadores. O líder ressalta o entendimento de que a bancada é decisiva. Para ser aprovada, a PEC precisa de três quintos dos votos dos senadores, ou seja, 49 parlamentares favoráveis, e ainda tem que passar por duas votações.

"O MDB tem sido decisivo no Senado. Primeiro, porque é a maior bancada. Segundo, porque eu construo, com calma, a maioria. Eu sento com os 15 e vou calmamente contruindo. Se tivermos uma maioria de dez votos a favor da PEC, decidimos a votação. Se, no entanto, tivermos 15 votos contra a PEC, acabou. A PEC não passa. O MDB pode, efetivamente, fazer uma grande diferença", afirma Braga.

Apesar de o nome de Tebet estar na bancada, o líder afirmou que isso não será pesado. "O critério eleitoral não será critério para nós nesse tema. Não faremos política em cima dessa PEC", frisa. A ideia é construir um caminho na próxima semana e ter uma definição da posição do grupo antes de o texto ir à CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o que deve ocorrer no dia 24, conforme informado pelo presidente da comissão, Davi Alcolumbre (DEM-AP), nesta quarta-feira (10).


Eduardo Braga afirma que ninguém gosta do texto, que estabelece um teto para o pagamento de precatórios (dívidas que a União é obrigada a pagar). Com esse teto, o governo evita pagar parte das dívidas no próximo ano, abrindo um espaço no Orçamento. Outro ponto controverso é a previsão de furar o teto de gastos, algo visto como irresponsabilidade fiscal, que gera reação no mercado.

Com o projeto aprovado, o governo prevê um espaço no Orçamento do próximo ano da ordem de R$ 91,6 bilhões, dos quais R$ 47 bilhões vão para o pagamento do programa social Auxílio Brasil, no valor de R$ 400 a parcela. Dois pontos pressionam os senadores a votar a favor da proposta: a previsão de recursos para pagar o programa e o trecho que permite que os municípios parcelem dívidas previdenciárias por 20 anos.


O senador observa que tem refletido e ouvido especialistas, mas que às vezes é melhor "um fim horroroso do que um horror sem fim". "Vamos carregar nas costas a fome do país? E o governo apontando para nós e dizendo 'Nós tentamos, mas o Senado não quis resolver o problema da fome'", pondera Braga. Conforme o parlamentar, a PEC é "horrorosa", mas é melhor aprová-la do que deixar o governo solto para enviar uma medida provisória (MP) de crédito extraordinário, que tem efeito imediato após sua assinatura pelo presidente da República.

"Se a preocupação é que o rompimento do teto de gastos vai fazer explodir o mercado, o mercado já precificou isso. O que o mercado não precificou: a imprevisibilidade. A imprevisibilidade é o horror sem fim. E o fim horroroso é furar o teto", afirmou. Segundo ele, é preciso encerrar a questão com rapidez, talvez votando o projeto no mesmo dia em que for avaliado na CCJ, se, de fato, ocorrer no dia 24.

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