Pela primeira vez na história, indígena assume coordenação do Distrito Sanitário Yanomami
Nomeação de Maurício Tomé Rocha, da etnia Ye’kwana, foi publicada no Diário Oficial da União no último dia 19
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O Ministério da Saúde nomeou Maurício Tomé Rocha, da etnia Ye’kwana, como novo coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami. Esta é a primeira vez em que um indígena assume a chefia da saúde na história do espaço. O objetivo do novo administrador é dar continuidade às ações estratégicas, ampliação do acesso à saúde e fortalecimento do diálogo com as comunidades locais.
Leia mais
“Morador da Terra Indígena Yanomami, Maurício Ye’kwana foi diretor da Hutukara Associação Yanomami de 2019 até 2024 e assessor na Sesai entre 2015 e 2017. Além disso, desempenhou a função de coordenador da área de Coordenação Técnica Local da Funai de Amajari, de 2013 a 2014. Sua trajetória é marcada pelo compromisso com a defesa dos direitos indígenas e pela articulação em eventos de relevância global. Maurício participou de seminários internacionais como a COP 21 em Paris, COP 27 em Glasgow, além de fóruns na ONU e OEA, consolidando sua expertise em gestão de projetos e direitos indígenas”, diz a pasta.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da União no dia 19 de dezembro. O distrito sanitário é uma unidade descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena. É um modelo de organização de serviços que contempla uma série de atividades técnicas. Na prática, promove a ordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolve ações administrativas-gerenciais para a comunidade. No país, são 34 centros, divididos de forma estratégica.
A terra indígena Yanomami foi homologada em 1992 e abrange os territórios de Roraima, Amazonas e parte da Venezuela. Ao todo, são 10 milhões de hectares, mais de 390 comunidades e 30 mil indígenas.
No início do ano passado, o distrito sanitário que atende o espaço enfrentou situação de emergência, o que fez com sete polos fossem fechados devido à falta de segurança causada pela presença no garimpo. As estruturas dos postos de saúde nas aldeias foram destruídas, por exemplo. Na prática, mais de cinco mil indígenas ficaram sem acesso aos serviços sanitários. O cenário foi normalizado em abril de 2024.