PF defende apurar suposta omissão de ex-comandantes do Exército e da Aeronáutica
Para a corporação, eles tinham conhecimento de um suposto plano de golpe de Estado e não agiram
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A Polícia Federal defendeu, em relatório, apurar uma possível conduta de omissão por parte dos ex-comandantes do Exército Freire Gomes e da Aeronáutica Carlos Almeida Baptista Junior sobre a suposta tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no cargo após as eleições de 2022. Para a PF, eles tinham conhecimento do plano e não agiram.
O relatório consta em trechos de documento obtido pelo R7 sobre a operação que investiga a suposta organização de um golpe de Estado em 2022 em prol do candidato derrotado e ex-presidente Jair Bolsonaro, com a participação de ex-assessores, militares e do presidente do PL, Valdemar Costa Neto.
"No entanto, considerando a posição de agentes garantidores, é necessário avançar na investigação, para apurar uma possível conduta comissiva por omissão, pelo fato de terem tomado ciência dos atos que estavam sendo praticados para subverter o regime democrático e, mesmo assim, na condição de comandantes do Exército e da Aeronáutica, quedaram-se inertes", diz trecho do relatório.
De acordo com a PF, o general Braga Netto pedia, por meio de mensagens, para membros das Forças Armadas atacarem a imagem de militares que resistiam do intento golpista e também pedia que fossem feitos ataques pessoais (inclusive a familiares) e aos comandantes.
A PF apontou em relatório que a investigação sobre a tentativa de golpe está relacionada com a atuação de uma suposta organização criminosa com cinco eixos de atuação e seis núcleos.
Os cinco eixos são: ataques virtuais a opositores; ataques às instituições, ao sistema eletrônico de votação e à higidez do processo eleitoral; tentativa de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado democrático de direito; ataques às vacinas contra a Covid-19 e às medidas sanitárias na pandemia; e uso da estrutura do Estado para obtenção de vantagens.
O último item se subdivide em uso de suprimentos de fundos (cartões corporativos) para pagamento de despesas pessoais; inserção de dados falsos de vacinação contra a Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde para falsificação de cartões de vacina; desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras ao ex-presidente da República ou agentes públicos a seu serviço; e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito.