PF envia avião com policiais e militares para buscas por indigenista e jornalista britânico
Equipes devem trabalhar na região noroeste do Amazonas, onde os dois homens sumiram no último domingo (5)
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A Polícia Federal informou nesta terça-feira (7) que enviou ao Amazonas uma aeronave com funcionários da corporação e integrantes do Exército, para reforçar as buscas pelo indigenista da Fundação Nacional do Índio (Funai) Bruno Araújo Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips, que sumiram no último domingo (5) na terra indígena do Vale do Javari.
Os dois faziam o trajeto entre a comunidade ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, a 1.135 km de Manaus, mas desapareceram antes de chegar à cidade.
Segundo a Polícia Federal, as buscas da equipe enviada nesta terça serão feitas entre a base de proteção etnoambiental Ituí-Itacoaí e o município de Atalaia do Norte. "Com a evolução do caso, novas informações serão divulgadas", destacou a PF.
Bruno e Dom saíram de Atalaia do Norte para visitar uma equipe de vigilância indígena do lago do Jaburu na sexta-feira (3). Eles deveriam ter voltado ao município no último domingo pela manhã.
Os dois viajavam em uma embarcação nova, com 70 litros de gasolina — o suficiente para o percurso — e sete tambores vazios de combustível. Por volta das 6h do domingo, chegaram à comunidade São Rafael, onde encontrariam uma liderança local. Sem conseguirem falar com o morador, decidiram voltar a Atalaia do Norte, em uma viagem que deveria durar cerca de duas horas. Contudo, não chegaram à cidade.
Na noite desta segunda-feira (6), a PF ouviu duas testemuhas do caso, que prestaram depoimento e foram liberadas. O Vale do Javari, no extremo oeste do Amazonas, fica perto da fronteira com o Peru e abriga ao menos 14 grupos isolados — a maior população indígena não contatada do mundo. A região é pressionada por invasores ligados a pesca e caça ilegal, garimpo e extração de madeira.
Em 2019, a base de proteção etnoambiental do rio Ituí-Itacoaí, que fica dentro da terra indígena, foi alvo de quatro ataques a tiros. Em um ano, entre novembro de 2018 e dezembro de 2019, houve oito investidas contra o posto, informou a Funai na época dos ataques. A Força Nacional chegou a ser enviada pelo Ministério da Justiça à região após o acirramento dos conflitos.