A Polícia Federal realiza na manhã desta sexta-feira (18) uma operação contra integrantes da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal por suspeita de omissão nos atos extremistas de 8 de janeiro. Os nomes dos alvos ainda são mantidos sob sigilo, mas a reportagem confirmou que o comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves, e o ex-comandante da corporação coronel Fábio Augusto Vieira estariam entre os alvos. O R7 entrou em contato com a defesa dos investigados, mas não obteve retorno até o momento. O espaço está aberto. Os agentes cumprem sete mandados de prisão preventiva e cinco de busca e apreensão autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. • Compartilhe esta notícia no WhatsApp • Compartilhe esta notícia no Telegram Os alvos são suspeitos de omissão durante os atos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes. As prisões foram solicitadas pela Procuradoria-Geral da República, após ter apresentado denúncia. Em nota, a PGR informou que foi constatada uma "profunda contaminação ideológica de parte dos oficiais da Polícia Militar do DF que se mostrou adepta de teorias conspiratórias sobre fraudes eleitorais e de teorias golpistas”. Segundo o órgão, há ainda menção a provas de que os agentes — que ocupavam cargo de comando da corporação — receberam, antes de 8 de janeiro, diversas informações de inteligência que sugeriam as "intenções golpistas" do movimento e o "risco iminente da efetiva invasão às sedes dos Três Poderes". Segundo as provas existentes, os denunciados conheciam previamente os riscos e aderiram de forma dolosa ao resultado criminoso previsível, omitindo-se no cumprimento do dever funcional de agir. A Polícia Militar do Distrito Federal afirmou em nota que a Corregedoria da corporação acompanha o andamento da operação e que, por se tratar de iniciativa da PF, "quaisquer demandas acerca dos acontecimentos devem ser encaminhadas àquele órgão". A corregedoria informou que o Centro de Comunicação Social da PMDF é responsável pela demanda.Coronel Klepter Rosa Gonçalves — Comandante-geral da PMDF Nomeado para o comando da corporação em fevereiro deste ano, Gonçalves já estava à frente do cargo de forma interina por decisão do ex-interventor federal na segurança pública do DF, Ricardo Cappelli. Se graduou no Curso de Formação de Oficiais pela Academia de Polícia Militar de Brasília em 1995. É bacharel em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e especialista em Gestão de Segurança Pública. Coronel Fábio Augusto Vieira — Ex-comandante-geral da PMDF O ex-comandante-geral da PM foi afastado do cargo após os atos de vandalismo que resultaram na depredação dos prédios do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, em 8 de janeiro. Fábio Augusto Vieira foi preso no início do ano após determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, mas foi solto em 3 de fevereiro. Coronel Jorge Eduardo Naime Única autoridade investigada por omissão durante o 8 de Janeiro que continuava presa, o coronel Jorge Eduardo Naime assumiu a chefia do Departamento Operacional da Polícia Militar após 28 anos na corporação. Ele foi exonerado do cargo em 10 de janeiro, depois de o interventor Ricardo Cappelli assumir a responsabilidade de restabelecer a ordem na capital federal. O coronel era o responsável pelo planejamento das operações da PMDF quando as sedes dos Três Poderes foram depredadas por manifestantes extremistas. Coronel Marcelo Casimiro Vasconcelos Rodrigues O coronel Marcelo Casimiro era o comandante do 1º Comando de Policiamento Regional (CPR) da PMDF durante as manifestações. A unidade coordena uma série de batalhões da corporação, incluindo o 6º, que é responsável pela Esplanada dos Ministérios. Foi exonerado do cargo após os atos de vandalismo. Em depoimento à CPI da Câmara Legislativa do DF que apura os atos extremistas, ele disse que estava de folga no dia das manifestações. É graduado em Administração de Empresas pelo Centro Universitário Unieuro.Major Flávio Silvestre de Alencar O major Flávio Silvestre de Alencar chegou a ser preso em dois momentos da Operação Lesa Pátria, em março e, posteriormente, maio. Ele integrava o 6º Batalhão da PM, responsável pela Esplanada dos Ministérios e que era coordenado pelo coronel Marcelo Casimiro à época dos atos extremistas em Brasília. O militar foi flagrado por câmeras de segurança no dia das invasões dando ordens para que a tropa recuasse da grade de contenção, que impedia extremistas de avançar até o STF. Coronel Paulo José Ferreira de Sousa Bezerra Atuava como chefe interino do Departamento de Operações (DOP) da PMDF à época dos atos antidemocráticos. Em maio, a Polícia Federal afirmou em um relatório que Bezerra agiu de forma omissa nos atos extremistas de 8 de janeiro. Ele substituía o coronel Jorge Eduardo Naime, que estava de folga no dia. O relatório concluiu que faltou um plano operacional para impedir os ataques.Tenente Rafael Pereira Martins Integrante da PMDF desde 2019, o tenente Rafael Pereira Martins não possui cargo comissionado na cúpula da corporação. Chegou a ser preso em fevereiro durante a 5ª etapa da Operação Lesa Pátria.