PF faz 'pente-fino' em milhares de monitorados ilegalmente pela Abin, diz diretor-geral
Ferramenta permitia acompanhar até 10 mil celulares a cada 12 meses e criava históricos de deslocamento e alertas
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A Polícia Federal analisa em perícia que o sistema da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) teria sido usado em milhares de monitoramentos ilegais e chegou a acompanhar os passos de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e políticos. A informação foi confirmada ao R7 pelo diretor-geral da corporação, Andrei Rodrigues.
A ferramenta permitia acompanhar até 10 mil celulares a cada 12 meses e criava históricos de deslocamento e alertas em tempo real da movimentação dos aparelhos cadastrados.
Mais cedo, o ex-diretor-geral da Abin e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) foi um dos alvos de uma operação da Polícia Federal que investiga o suposto uso ilegal de uma ferramenta de espionagem em sistemas da agência.
O gabinete do parlamentar foi um dos locais onde os agentes fizeram buscas. As ações ocorreram também em endereços de outras pessoas no Distrito Federal, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A RECORD e o R7 procuraram a assessoria de Ramagem, que disse que não iria se posicionar no momento.
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou nesta quinta-feira (25) que a operação é uma "perseguição" ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O parlamentar foi o coordenador da segurança de Bolsonaro na campanha de 2018.
A Polícia Federal trabalha com a suspeita de que a Abin foi usada para ajudar filhos do ex-presidente fornecendo informações para que eles pudessem se defender de investigações judiciais em tramitação na Justiça. A informação foi confirmada por interlocutores ao R7.