PF foi avisada de megaoperação no RJ, mas participação não seria ‘razoável’, diz diretor
Andrei Rodrigues diz que corporação foi avisada sobre a ação, mas não foi informada sobre o momento exato em que ela aconteceria
Brasília|Luiza Marinho*, do R7, em Brasília
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O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, afirmou nesta quarta-feira (29), durante uma coletiva de imprensa, que a corporação foi comunicada previamente sobre a megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, mas não sabia que ela seria deflagrada na terça-feira (28). A ação resultou na morte de ao menos 119 pessoas.
“Não fomos comunicados que [a megaoperação] seria deflagrada nesse momento. Houve um contato anterior do pessoal da inteligência, da Polícia Militar, para haver se havia possibilidade de atuarmos em algum ponto nesse contexto. A partir da análise do planejamento operacional, a nossa equipe entendeu que não era uma operação razoável para que a gente participasse”, disse o diretor.
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Segundo Rodrigues, o aviso das autoridades do Rio de Janeiro se limitou a um contato no nível operacional, com informações sobre o cumprimento de cerca de 100 mandados de prisão e de busca e apreensão.
De acordo com ele, a PF analisou o planejamento, mas concluiu que não tinha atribuição legal para participar da ação. O diretor-geral da corporação comentou que, no cumprimento dos possíveis mandados, a “participação da PF não faria sentido”.
“Contato no nível operacional, informando que haveria uma grande operação e se a Polícia Federal teria alguma possibilidade de atuação na sua área, no seu papel. A partir da análise geral do planejamento, não tivemos detalhes, entendemos que não era o modo que a PF atua, o modo de fazer operações”, disse.
Falha de comunicação
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, também reconheceu que não houve comunicação direta entre o Governo do Rio de Janeiro e o governo federal sobre a deflagração da operação.
Segundo ele, a seccional da PF no estado foi apenas informada sobre “alguns detalhes” do planejamento, sem aviso sobre a data e o horário da ação.
“Foi comunicada de alguns detalhes dos planos que estavam sendo feitos no RJ, no âmbito local”, afirmou Lewandowski.
Cenário de guerra
Mais letal da história do Rio de Janeiro, a megaoperação Contenção das polícias do Rio de Janeiro já contabiliza mais de 60 mortos, 81 presos e dezenas de armas e munições apreendidas. Ao mesmo tempo, a população das comunidades está assustada com tantos tiros
ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro ressaltou que operações dessa dimensão deveriam ser comunicadas a autoridades do mais alto escalão. “Uma operação desse porte não pode ser acordada em um segundo ou terceiro escalão”, disse.
De acordo com Lewandowski, o presidente da República, o vice, o ministro da Justiça ou o próprio diretor-geral da PF deveriam ter sido oficialmente avisados. Ele classificou a falta de comunicação direta como uma falha grave entre as esferas estadual e federal.
Durante a coletiva, Lewandowski e Andrei confirmaram que os dois vão para o Rio de Janeiro se encontrar com o governador Cláudio Castro (PL).
Rodrigues também destacou que a Polícia Federal segue atuando conforme as diretrizes da chamada ADPF das Favelas, decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que restringe o uso de força em comunidades do Rio.
Segundo ele, a corporação concentra esforços em ações de inteligência e combate financeiro ao crime organizado, em vez de operações de confronto.
“Recebemos essa determinação da Suprema Corte e já estruturamos um grupo de trabalho que está atuando nessa questão de atividade de inteligência, instauração de inquérito policial e determinação para que Coaf e Receita Federal atuem coordenadamente conosco, trazendo mais elementos para a Polícia Federal atuar”, explicou o diretor.
Megaoperação
O Governo do Rio de Janeiro confirmou nesta quarta-feira que 121 mortes aconteceram na megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, que visou confrontar o grupo criminoso CV (Comando Vermelho).
Segundo o secretário da Polícia Civil, o delegado Felipe Curi, o total de vítimas inclui quatro policiais e 117 suspeitos.
*Sob supervisão de Leonardo Meireles
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