PGR aponta que coronel da PMDF transportou R$ 1 milhão e usou estrutura da corporação
De acordo com o documento, o policial mantinha relações econômicas aparentemente ilícitas
Brasília|Gabriela Coelho, do R7, em Brasília
A Procuradoria-Geral da República mostrou em investigação que denunciou policiais da cúpula da Polícia Militar do Distrito Federal que o ex-comandante de Operações, coronel Jorge Eduardo Naime, teria usado a estrutura da corporação para escoltar valores em dinheiro, sem declaração e de forma extraoficial.
De acordo com o documento, o policial mantinha relações econômicas aparentemente ilícitas com um indivíduo e que, no dia 12 de junho de 2021, o militar promoveu o transporte de R$ 1 milhão, em espécie, em favor de tal indivíduo, partindo de São Paulo com destino a Brasília.
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"Há indícios de que NAIME tenha se utilizado da estrutura da Polícia Militar do Distrito Federal para promover 'escolta' no transporte de valores, bem como elementos da provável origem espúria dos recursos, além de potencial lavagem de dinheiro", disse a PGR.
A defesa do Coronel Naime afirmou em nota que "recebe com estranheza a denúncia por crimes tão graves. Policial Militar há três décadas e gozando de dispensa-recompensa no dia 8 de janeiro, Naime compareceu ao local dos fatos para ajudar seus companheiros de farda. Agiu de acordo com a Lei e efetuou dezenas de prisões, sendo inclusive ferido por um rojão. Temos certeza da inocência do Coronel Naime".
A movimentação, de acordo com a PGR, de vultosos valores em espécie, sem declaração correspondente e de forma não oficial, "tem por propósito burlar os mecanismos de monitoramento antilavagem existentes de forma permanente no sistema financeiro, dificultando a identificação da origem, da localização, da propriedade e da própria movimentação dos
valores".
"Tais condutas só se justificam logicamente nos casos em que os recursos possuem origem ilícita, considerando o elevado risco e os maiores custos da operação", disse.
Na sexta-feira (18), a Polícia Federal realizou uma operação contra o então comandante-geral da PMDF, coronel Klepter Rosa Gonçalves, o ex-comandante da corporação coronel Fábio Augusto Vieira e mais cinco oficiais que integravam a cúpula da PMDF durante os atos extremistas de 8 de janeiro.
Os agentes cumpriram mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão expedidos pelo STF a pedido da PGR. Os alvos são suspeitos de omissão durante os atos de 8 de janeiro, quando manifestantes invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
No documento, a PGR também afirmou ao Supremo Tribunal Federal que há indícios de que oficiais da PMDF apagaram mensagens e podem ter se comunicado por outras formas ainda não identificadas pela investigação.