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Polícia Civil do DF tem o menor quadro de pessoal em dez anos, aponta levantamento do R7

Déficit ultrapassa o número de 5 mil servidores; governo diz que vai nomear profissionais 'o mais breve possível'

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília

Déficit é de 62%, segundo o sindicato
Déficit é de 62%, segundo o sindicato

A Polícia Civil do Distrito Federal conta atualmente com o menor número de servidores em dez anos, aponta levantamento exclusivo feito pelo R7 por meio da Lei de Acesso à Informação. Na última década, o quadro de efetivos vem se reduzindo, baixando a marca de 5.059 profissionais em 2014 para 3.780 em outubro deste ano. Segundo o Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), o déficit é de 62% (veja detalhamento abaixo).

A entidade pressiona o governo para conseguir a nomeação de 900 servidores aprovados no concurso da Polícia Civil realizado em 2020 e diz que as nomeações estão previstas dentro do Fundo Constitucional deste ano. O concurso, depois de três anos, não teve nenhum chamamento, e, por enquanto, o Executivo não deu previsão de data para as nomeações.

De acordo com o Sinpol, a intenção do GDF é nomear 300 novos policiais até dezembro. No entanto, o presidente da entidade, Enoque Venâncio de Freitas, declara que “os recursos destinados à contratação estão previstos no Fundo Constitucional”. “Não há motivo para o GDF convocar apenas 300, quando o orçamento prevê a chamada de 900", declara.

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Na avaliação de Freitas, para atender às necessidades do DF são necessários pelo menos cerca de 8.000 novos policiais civis. Por enquanto, o quadro de vagas abertas é de 5.206, em diversos setores da Polícia Civil. Confira:


Impacto na segurança

Na avaliação do professor da Universidade de Brasília e pesquisador do Grupo Candango de Criminologia Wellington Caixeta Maciel, o déficit impacta a segurança dos brasilienses e ainda “pode comprometer a confiança da sociedade nas instituições”. “Este é um problema real, e as reivindicações da classe, no sentido da reposição de servidores, é legítima. Conforme relatam os policiais, a situação tem prejudicado o serviço tanto nas delegacias circunscricionais quanto nas unidades especializadas, como atividades de investigação de crimes e realização de perícias”, afirma.

Para o professor, além da ampliação dos quadros de vagas, é necessário pensar em melhorias nas condições de trabalho e nas instalações das delegacias. A análise é defendida também pelo especialista em segurança pública Leonardo Sant’Anna, que diz que o baixo número de servidores pode causar um atraso na solução de crimes.


“Se você tem um processo que demora muito mais para poder ser entregue ao Ministério Público, isso faz com que provas importantes possam ser perdidas, criminosos deixem de ser capturados, assim como outros elementos e informações deixam de ser coletados quando existe um efetivo muito menor”, afirma.

Sant’Anna cita ações que precisam ser implementadas, como um quadro maior de policiais, qualificação do efetivo e melhorias de tecnologia. Apesar disso, o especialista destaca o mérito da Polícia Civil do DF, que está “em primeiro lugar no Brasil em relação à atualidade de crimes elucidados diante dos cenários de criminalidade”. “Esses são os parâmetros que temos que considerar para uma recomposição do efetivo e a manutenção de qualidade do serviço entregue à população do DF”, defende.

Sobrecarga

A sobrecarga das atividades, no entanto, pode pôr em risco a liderança do ranking da PCDF. De acordo com pesquisa interna realizada pelo Sinpol, 74% dos policiais civis que participaram do questionário relataram sintomas de ansiedade e depressão. A pesquisa contou com a participação de 328 policiais civis, incluindo aqueles em atividade e os aposentados.

O presidente do sindicato diz que a palavra que descreve a saúde dos policiais é “exaustão”. “Todos estão trabalhando incansavelmente para garantir a segurança da população, apesar do quadro de pessoal extremamente reduzido. Somos os investigadores que mais solucionam crimes violentos no país, mas estamos nos sacrificando para alcançar esse resultado”, afirmou.

O Governo do DF, questionado sobre a reposição das 5.200 vagas abertas, disse que espera nomear os aprovados “o mais breve possível”. No entanto, não estipulou uma data à reportagem.

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