Polícia Federal apura ameaças a juiz que mandou prender Milton Ribeiro
Inquérito policial instaurado na Superintendência Regional vai investigar ataque a carro de juiz com fezes
Brasília|Alan Rios, do R7 em Brasília
A Polícia Federal vai investigar as ameaças ao juiz Renato Borelli que começaram desde que ele mandou prender o ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. Borelli, da 15ª Vara da Justiça Federal, chegou a ter o carro atacado com fezes de animais, ovos e terra na última quinta-feira (7), em Brasília.
Segundo a PF, um inquérito instaurado na Superintendência Regional apura ameaças ao juiz e o ataque. "A condução desse inquérito conta com amplo auxílio da Justiça Federal. Quanto ao ocorrido desta quinta-feira, será também apurado no bojo do inquérito acima citado", informou.
A equipe de Renato Borelli afirmou, após a operação contra Ribeiro, que o juiz recebeu centenas de ameaças realizadas por "grupos de apoio" ligados ao ex-ministro. O último episódio, contra o veículo dele, aconteceu quando ele saía de casa. Borelli não conseguiu identificar o autor da investida. Ele não se feriu.
Em nota, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informou que o comitê gestor aprovou parecer do Departamento de Segurança Institucional, vinculado ao órgão, recomendando medidas de segurança que o TRF-1ª pode tomar em favor do juiz. O ofício foi enviado nesta quinta (7). "Não é possível detalhar, neste momento, as ações de segurança a serem adotadas para preservar a segurança do magistrado", diz.
Em 22 de junho, Milton Ribeiro foi preso em Santos (SP) na Operação Acesso Pago, da Polícia Federal, que apura tráfico de influência de pastores e corrupção para a liberação de recursos públicos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), vinculado ao MEC. O ex-ministro é suspeito de corrupção passiva, prevaricação, advocacia administrativa e tráfico de influência.
Ao todo, foram cumpridos 13 mandados de busca e apreensão e feitas cinco prisões em Goiás, São Paulo, Pará e Distrito Federal. Também foram presos os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, apontados como lobistas que atuavam no gabinete paralelo do MEC. Eles negam as irregularidades.
De acordo com as investigações, o esquema consistia na indicação, pelos religiosos, de prefeituras que deveriam receber verbas do ministério. Em troca, a suspeita é que os religiosos tenham cobrado propina para influenciar as decisões tomadas em Brasília. A Polícia Federal reúne documentos, registros de entrada e saída da sede da pasta e depoimentos de testemunhas.