Polícia Militar fez o 'necessário', diz coronel após morte de passageiro em fuga de blitz no DF
Segundo o militar Edvã Sousa, disparos que resultaram na morte do homem de 24 anos foram efetuados para 'cessar risco iminente'
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) afirmou nesta segunda-feira (30) que agentes fizeram o "necessário" para parar o motorista que tentou fugir de uma blitz na madrugada de domingo (29). Disparos feitos pelos policiais resultaram na morte de um passageiro de 24 anos. Em coletiva de imprensa na 5ª Delegacia de Polícia, na Asa Norte, área central de Brasília, o coronel militar Edvã Sousa afirmou que os tiros contra o carro foram efetuados para "cessar risco iminente" que o veículo representava.
"Se não houvesse os tiros e a parada [do carro], quantas vidas outras [o motorista poderia] ter tirado? Ele já havia evadido de um ponto de bloqueio e jogado o carro contra um militar. Se ele tentou isso, ele não recuaria em outro acidente", disse.
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O coronel afirmou que "os policiais demonstraram uma técnica muito grande e um controle de toda a situação", pois não atingiram outros veículos ou pessoas que estavam no local. O militar disse ainda que o condutor do carro, Raimundo Alves Aristides Júnior, de 41 anos, estava com uma faca na cintura, e acrescentou que depois que ele parou o carro, após fugir do segundo bloqueio, nenhum “outro tiro foi disparado”.
O caso é investigado em dois inquéritos pela Polícia Civil do DF, que apura tanto o crime de embriaguez ao volante como de tentativa de homicídio por Raimundo Aristides Júnior, que atropelou um agente na fuga. Um segundo procedimento investiga a morte de Islan da Cruz Nogueira, passageiro atingido pelos disparos da PM.
“No momento, temos mais perguntas do que respostas. O inquérito ainda não tem uma tipificação definida, pode ser tanto homicídio culposo e doloso, ou legítima defesa. No momento, a apuração segue como morte causada por intervenção do Estado”, afirmou o delegado-chefe da 5ª Delegacia e responsável pelo caso, João de Ataliba.
O Departamento de Controle e Correição da PM também investiga internamente a conduta adotada pelos policiais.
Entenda
Islan da Cruz Nogueira, de 24 anos, morreu na madrugada deste domingo (29), depois que o motorista do carro em que ele estava, Raimundo Aristides Júnior, tentou fugir de uma blitz da PMDF. Segundo a corporação, um ponto de bloqueio estava montado no Eixo Monumental, na DF-010, mas o condutor se recusou a parar, acelerou o veículo e atropelou um dos agentes, por volta de 00h20. Cerca de 150 metros à frente, ele furou um segundo bloqueio da blitz.
A PM alegou que os disparos realizados contra o carro tinham o objetivo de atingir "os pneus do veículo" e obrigá-lo a parar. A perseguição cessou apenas quando o condutor deixou o carro e se deitou no chão, próximo à feira da Torre de TV.
Um dos tiros, no entanto, teria atingido o passageiro. Os policiais acionaram o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas o jovem não resistiu aos ferimentos e morreu no local. Na declaração de óbito, o documento aponta traumatismo cranioencefálico por instrumento perfurocontundente. A PM, no entanto, não confirma se o disparo atingiu a cabeça da vítima, e diz aguardar laudo da perícia.
Em nota, a PMDF disse que o veículo foi interceptado em uma operação Álcool Zero e que o motorista havia saído da fila de abordagem e acelerado para fugir do bloqueio. “O condutor apresentava evidentes sinais de embriaguez e recusou-se a fazer o teste de alcoolemia. Foi emitido um auto de constatação, e o motorista foi conduzido à 5ª Delegacia, onde foi autuado por embriaguez ao volante e tentativa de homicídio de um agente de segurança”.
De acordo com a corporação, o agente atropelado pelo carro foi levado ao Hospital de Base e recebeu alta após o atendimento médico.
Outro lado
O R7 tenta contato com a família da vítima e com o motorista do veículo. No entanto, até a publicação desta reportagem, não obteve retorno.