Polícia prende empresário suspeito de lavar R$ 31 milhões desviados do DFTrans
Homem teria usado conta falsa no nome do filho de quatro anos; nove pessoas suspeitas de fazerem parte do grupo foram detidas
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília
Um empresário de Brazlândia, no Distrito Federal, foi preso temporariamente na madrugada desta quarta-feira (20) por suspeita de lavar R$ 31 milhões desviados do extinto sistema de bilhetagem do Transporte Urbano do Distrito Federal (DFTrans). Ao todo, a Polícia Civil prendeu nove pessoas suspeitas de fazer parte do grupo, além de cumprir mandados de busca e apreensão em várias regiões do DF.
A operação, nomeada Old West, é um desdobramento de outra investigação, realizada em março de 2018 pela polícia e pelo Ministério Público, para apurar condutas de corrupção e desvio milionário de recursos com fraudes no DFTrans.
Segundo as investigações, o grupo criminoso atuava em Brazlândia e desviava dinheiro para evitar bloqueios judiciais e aparentar licitude em transações bancárias. O esquema contava com contas poupança no nome dos dois filhos do empresário, um deles com quatro anos, além de empresas e contas no nome de parentes, com laranjas e testas de ferro para impedir a ação da polícia.
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A investigação identificou, por exemplo, a participação de um analista do Ministério Público do DF que recebia propina do grupo criminoso. O homem chegou a receber R$ 24 mil dos envolvidos no esquema para prestar consultoria sobre os desvios de dinheiro do DFTrans entre 2017 e 2018. Já em 2020, por novos serviços, o mesmo servidor recebeu R$ 10 mil.
A Polícia Civil pediu a prisão temporária do servidor, mas o MPDFT se posicionou contrário à medida. A reportagem acionou o órgão sobre a investigação e aguarda posicionamento.
Como funcionava
As empresas que eram favorecidas pela corrupção eram colocadas em nome de parentes e funcionários, que serviam de laranja para prestar serviços e receber os valores do Governo do DF e de prefeituras.
Para atrapalhar o rastreamento do dinheiro pela polícia, o grupo transferia imediatamente os valores recebidos nas contas empresariais para as contas dos filhos, parentes e amigos. Em seguida, retirava diariamente os valores para repassar às contas das empresas.
Ao todo, dez pessoas são investigadas por integrar o grupo criminoso, além da atuação de pelo menos 15 laranjas.
As operações de transferência e saques de dinheiro eram feitas em uma agência bancária de Brazlândia e, segundo a PCDF, chegou a ter uma movimentação de R$ 31 milhões. O empresário preso nesta quarta também é réu em três ações penais, por crimes de estelionato contra a administração pública, corrupção ativa e associação criminosa.