Por telefone, Lula trata do acordo entre Mercosul e União Europeia com primeiro-ministro da Espanha
Presidente brasileiro aceitou o convite para participar da sessão de abertura da Cúpula Celac-União Europeia, neste mês, em Bruxelas
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) telefonou, na tarde desta quarta-feira (5), para o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, para tratar do acordo entre os blocos Mercosul e União Europeia. Além disso, o petista aceitou o convite para participar da sessão de abertura da Cúpula Celac–União Europeia, neste mês, em Bruxelas. Inicialmente, a ideia era que o vice-presidente, Geraldo Alckmin, representasse o governo brasileiro na cúpula.
"Sánchez falou ainda sobre o Fórum Empresarial, previsto para o dia 17, e convidou o presidente Lula para realizar a abertura do evento ao lado dele (Sánchez) e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No Fórum deverão ser anunciados novos investimentos europeus na América Latina", diz o comunicado divulgado pelo Palácio do Planalto.
Recentemente, Lula assumiu a presidência temporária do Mercosul, bloco formado também por Argentina, Paraguai e Uruguai. Sánchez, por sua vez, assumiu a liderança do Conselho da União Europeia. Durante o telefonema, o presidente brasileiro parabenizou o espanhol pelo cargo.
Para além do fortalecimento da integração regional, uma das tarefas do petista é destravar as negociações com os europeus, que exigiram mais compromissos ambientais para finalizar o tratado. Além disso, o texto formulado pela União Europeia impõe sanções em caso de descumprimento das metas, mas só para o lado sul-americano.
Lula afirmou ser imperativo que o Mercosul apresente uma resposta "rápida e contundente" ao documento formulado pelos europeus. Negociado desde 1999, o acordo está em fase de revisão, mas há entraves nas questões ambientais e de compras governamentais com os quais o presidente brasileiro não concorda e para os quais tenta ganhar o apoio dos países vizinhos.
"É inadmissível abrir mão do poder de compra do Estado, um dos poucos instrumentos de política industrial que nos restam. Não temos interesse em acordos que nos condenem ao eterno papel de exportadores de matérias-primas, minérios e petróleo. Precisamos de políticas que contemplem uma integração regional, profunda, baseada no trabalho qualificado e na produção de ciência, tecnologia e inovação", disse Lula.
Leia também
Amigo de Lula, o presidente da Argentina, Alberto Fernández, pediu um acordo mais equilibrado e disse que as negociações são de interesse do Mercosul. Já o chefe do Executivo uruguaio, Luis Lacalle Pou, disse não estar tão otimista quanto à conclusão do contrato econômico, porque ele vem sendo discutido há mais de 20 anos.