Ciro Nogueira afasta alinhamento do PP com atual governo
Ao R7, o senador também afirmou que não foi chamado para conversar com Lula e comentou que 'se fosse, não iria'
Brasília|Bruna Lima e Hellen Leite, do R7, em Brasília
Em meio às movimentações do Executivo Federal buscando construir base de apoio no Congresso Nacional, o presidente do Progressistas (PP), senador Ciro Nogueira (PI), anunciou um movimento para construir uma agenda central partidária. "Será fruto de ampla discussão e participação interna e definirá o que seriam as nossas 'cláusulas pétreas' inegociáveis". O objetivo é formar um alinhamento que todos os membros sejam obrigados a seguir e, assim, evitar ruídos em votações importantes.
"Não fazemos política orientada a governos, mas em relação ao país e ao que acreditamos melhor para o Brasil. A agenda central é a linha divisória daquilo que defendemos e do que jamais apoiaremos", disse Nogueira. Ainda não há uma data para a liberação dessas diretrizes e o debate só deve ser intensificado após a volta do recesso parlamentar.
Há interesse por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em se aproximar com o PP, inclusive com negociação de cargos para que o partido integre o governo. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou, no entanto, que essa negociação deve ficar para agosto. "É óbvio que vai ter que espremer daqui e catar dali. Vai ter que achar um espaço", disse na última semana.
O nome do deputado André Fufuca (MA) é apontado como um provável ministro de Lula. No entanto, o ministério ainda não está definido. Fufuca é próximo a Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados, e atual líder da legenda na Casa. Além disso, é visto por parlamentares do partido como uma liderança capaz de conglomerar a bancada e, consequentemente, garantir votos favoráveis ao governo em matérias importantes.
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Na Câmara, o PP tem 49 deputados em exercício e tem entregado a maioria dos votos nas matérias de interesse de Lula. Na votação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da transição, no início do ano, a legenda liberou a bancada, mesmo se declarando oposição ao governo. Nessa matéria, dos 42 deputados que votaram, 23 foram favoráveis ao texto, e 19 contrários.
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Na votação do novo marco fiscal, dos 46 deputados do partido que registraram votos, 36 foram favoráveis à matéria. Na discussão da reforma tributária não foi diferente, o partido entregou 39 dos 49 votos possíveis. Além disso, os relatores das duas propostas são da legenda: o novo marco fiscal foi relatado por Cláudio Cajado (BA), e a reforma tributária foi comandada por Aguinaldo Ribeiro (PB).
O ponto de tensão no partido está na presidência nacional, sob o comando do senador Ciro Nogueira. Ele é ex-ministro da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro e diz que vai se manter fiel ao ex-presidente. Ao R7, o senador disse que a depender dele, o PP não terá aproximação com o governo. Ele também afirmou que não foi chamado para o diálogo pelo presidente Lula e comentou que "se fosse chamado, não iria". "Não dialogo com esse governo", finalizou.