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Depois de ser preso em SC, Silvinei Vasques desembarca em Brasília

O ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal é suspeito de uso da máquina pública para interferir nas eleições de 2022

Brasília|Plínio Aguiar, do R7 em Brasília

Avião da PF com Silvinei Vasques, em Brasília
Avião da PF com Silvinei Vasques, em Brasília

Depois de ter sido preso em Florianópolis (SC), o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques desembarcou em Brasília na tarde desta quarta-feira (9). Ele foi detido sob a suspeita de uso da máquina pública para interferir nas eleições de 2022. Vasques será ouvido na manhã desta quinta (10) e, em seguida, transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, na capital federal.

Segundo as investigações, integrantes da PRF teriam direcionado recursos humanos e materiais com o intuito de dificultar o trânsito de eleitores no segundo turno. Os mandados foram autorizados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com a Polícia Federal, os crimes apurados teriam sido planejados desde o início de outubro daquele ano, e, no dia do segundo turno, foi realizado um patrulhamento ostensivo e direcionado à região Nordeste.

Para a PF, os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de prevaricação e violência política, previstos no Código Penal brasileiro, e os crimes de impedir ou embaraçar o exercício do sufrágio e ocultar, sonegar, açambarcar ou recusar no dia da eleição o fornecimento, normalmente a todos, de utilidades, alimentação e meios de transporte, ou conceder exclusividade destes a determinado partido ou candidato listados no Código Eleitoral brasileiro.

À Record TV, a defesa de Vasques declarou, em referência ao mapeamento dos eleitores de Lula, que ele não pode ser responsabilizado por atos que tenham sido cometidos por outros. Os advogados do ex-diretor da PRF disseram ainda que "as operações no segundo turno foram coordenadas pelo Ministério da Justiça".


Como mostrou o R7, a PF obteve acesso ao mapa que mostra as regiões onde havia concentração de votos no primeiro turno da eleição de 2022 para o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo a corporação, o documento foi usado pela gestão de Vasques para dificultar o deslocamento de eleitores dos petistas no segundo turno. O mapa foi encontrado no celular de Marília Alencar, então diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça e Segurança Pública.

Imagens mostram Vasques saindo do avião da PF
Imagens mostram Vasques saindo do avião da PF

O então ministro da Justiça Anderson Torres pediu a membros da PF e da PRF que se ajudassem em uma atuação conjunta, alegando que o motivo seria o combate a fraudes eleitorais. O objetivo, contudo, seria interromper o fluxo de eleitores e, assim, tentar diminuir a vantagem de Lula na região, a fim de favorecer o ex-presidente e então candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).


Intitulado de "Concentração maior ou igual a 75% - Lula", o mapa mostra uma lista de municípios, como Crato (CE), Paulo Afonso (BA), Iguatu (CE), Parintins (AM), Candeias (BA), Serra Talhada (PE), Canindé (CE), Barreirinhas (MA) e Icó (CE), entre outros. Há uma coluna de votos, cujo número total é 10.073.642, além de outras duas colunas com os nomes de "Bolsonaro" (1.485.294 votos) e "Lula" (7.743.713). O mapa traz ainda uma coluna com nomes de partidos. Sob a gestão de Vasques, a PRF concentrou a abordagem de veículos no segundo turno da eleição em locais em que o petista construía sua maior vantagem.

Bloqueio nas estradas e prisão

Em 30 de outubro de 2022, policiais rodoviários federais realizaram bloqueios em diversas rodovias do Nordeste, o que impactou a movimentação de eleitores para os locais de votação e causou atrasos. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a ampliar o horário para que as pessoas votassem, além de pedir explicações à PRF. Naquele dia, a corporação alegou que tentava evitar possíveis crimes eleitorais.


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Os bloqueios foram feitos mesmo depois de o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, ter decidido, na véspera do segundo turno, a proibição das blitze até o fim das eleições — qualquer tipo de operação relacionada ao transporte público, gratuito ou não, de eleitores. O então diretor-geral da PRF foi demitido em dezembro e, atualmente, é réu por improbidade administrativa devido à operação.

Silvinei Vasques tem 48 anos, nasceu em Ivaiporã, no Paraná, e faz parte dos quadros da corporação desde 1995. Exerceu diversos cargos de chefia, como o de superintendente em Santa Catarina e no Rio de Janeiro. Também foi secretário municipal de Segurança Pública e de Transportes de São José (SC), entre 2007 e 2008.

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