Preso, ex-assessor de Bolsonaro pede a Moraes que reconsidere afastamento de seu advogado
Filipe Martins afirma que não autorizou a Defensoria Pública a representá-lo e diz que destituição de seus advogados é “abusiva”

Em uma carta escrita a próprio punho, Filipe Garcia Martins Pereira, ex-assessor de Jair Bolsonaro, pediu ao ministro Alexandre de Moraes que reconsidere o afastamento de seu advogado Jeffrey Chiquini da Costa.
Ele está preso há cerca de 600 dias e será julgado por integrar o chamado núcleo 2 da organização criminosa investigada pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
No documento, assinado digitalmente, Filipe afirma que “não autorizei, não solicitei e não consinto que a DPU (Defensoria Pública da União) ou qualquer defensor dativo me represente ou pratique qualquer ato de defesa neste processo”.
Ele acrescenta que mantém válidas as procurações concedidas aos advogados Ricardo Schleifer Fernandes (OAB/PR 79.230) e Jeffrey Chiquini da Costa (OAB/PR 65.374), e que deseja ser representado exclusivamente por eles.
Segundo o ex-assessor, “a destituição dos advogados, realizada sem minha oitiva e sem prévio contraditório, é abusiva e viola frontalmente meus direitos inalienáveis”.
Filipe também negou ter havido abandono de causa, sustentando que sua defesa “atuou de forma técnica e legítima, visando à preservação do contraditório e da paridade de armas”, o que, segundo ele, pode ser comprovado pelas petições protocoladas e pela cobertura da imprensa nacional.
Na carta, Filipe faz uma série de pedidos ao ministro:
- reconsiderar a decisão de 9 de outubro de 2025;
- indeferir a atuação da DPU e de qualquer defensor dativo;
- restabelecer a representação de seus advogados constituídos;
- garantir o direito de ser assistido apenas por seus patronos de confiança;
- e, em último caso, conceder um novo prazo de, no mínimo, 24 horas para apresentação das alegações finais.
O advogado Jeffrey Chiquini, que defendia Filipe Martins réu por tentativa de golpe de Estado, afirmou que Moraes tentou “calar” sua atuação ao determinar o afastamento.
Em nota à imprensa, o defensor declarou que a medida “demonstra medo da ampla defesa” e lembrou que já havia sido silenciado pelo ministro em audiência anterior.
“Não é a primeira vez que tenta me calar. Em uma audiência anterior, o próprio ministro chegou a silenciar o meu microfone, como se pudesse desligar também a verdade que incomoda. Tenho sido um combatente incansável, nas redes, na imprensa e nos tribunais, denunciando abusos e defendendo a Constituição e meu cliente”, afirmou Chiquini.
Segundo Moraes, o afastamento foi determinado porque o advogado não apresentou as alegações finais dentro do prazo, que terminou na terça-feira (7).
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