'Prioridade é o meio ambiente', diz presidente da CNT sobre uso de biodiesel
Vander Costa também falou à Record News do diálogo com o governo federal e dos investimentos urgentes no setor
Brasília|Ana Isabel Mansur, do R7, em Brasília
Em entrevista exclusiva à Record News, o presidente da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Vander Costa, defendeu mais pesquisas científicas para aumentar a quantidade de biodiesel no diesel fóssil usado no Brasil. À jornalista Narla Aguiar, na tarde desta quarta-feira (15), o presidente da entidade destacou as ações prioritárias da CNT para este ano, o diálogo com o governo federal e os investimentos urgentes no setor.
“Na Europa, onde está mais concentrado o objetivo de redução de emissão de poluentes pelos transportes, o índice [de biodiesel no diesel fóssil] é entre 7% e 8%. Vamos contratar uma pesquisa para determinar qual é a mistura, para o Brasil, que causa menos poluentes. Não estamos preocupados tanto com o custo final, mas, sim, com a questão do meio ambiente”, destacou Costa. Recentemente, Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, demonstrou interesse em elevar, de maneira gradual, a quantidade de biodiesel no diesel fóssil, de 10% para 15%.
Na avaliação do presidente da CNT, o desenvolvimento do uso de biodiesel na agricultura familiar, nos governos anteriores de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com mamona e palma, funcionou. “Mas a realidade hoje é outra: a matéria-prima [do biodiesel] é a soja, e aumentar a necessidade de soja para o biodiesel pode significar mais desmatamento. O benefício tem de ser para todo mundo, mas a preocupação primeira é o meio ambiente. É um debate profundo, vamos trazer a ciência e as universidades brasileiras, e, naturalmente, haverá debate político”, defendeu Costa.
Ele acredita que há espaço para o crescimento do setor de transportes, principalmente no que diz respeito às modalidades rodoviária, ferroviária e aquaviária. “As ferrovias são subutilizadas. É necessária, e a CNT defende o tema, a multimodalidade. Para escoamento de safra e produção industrial, melhor que rodoviário é o ferroviário, e ainda mais barato é o aquaviário”, explicou.
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Quanto aos tipos de transporte, o presidente da CNT criticou a divisão do setor feita pelo presidente Lula, que não deixou clara a gerência dos rios brasileiros. “Quando dividiu o Ministério da Infraestrutura em Transportes e Portos, ficou a dúvida de quem cuida dos rios. O porto é a estação física de embarque, e o rio é responsabilidade técnica do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, que está no Ministério dos Transportes, mas o rio, em si, não está”, argumentou Costa.
O presidente da CNT listou, ainda, as vantagens do transporte aquaviário. “O arco norte utiliza nossos rios [do Centro-Oeste], que não são hidrovias, mas são rios navegáveis. Isso fez com que o custo baixasse muito e mais rápido, porque o rio está pronto, basta sinalizar e fazer poucas dragagens”, disse, sem deixar de lado a importância do transporte sobre trilhos. “Apoiamos também o desenvolvimento de ferrovias. Houve avanço grande, com autorizações do governo passado, e o projeto merece aprimoramentos”, completou.