Projeto das Forças Armadas leva desenvolvimento a comunidades da Amazônia
Criado em 1985, programa Calha Norte foca a construção de escolas, quadras poliesportivas, creches e outros espaços
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, enviado especial a Manaus (AM)
Presente em dez estados brasileiros, o Programa Calha Norte, liderado pelas Forças Armadas, busca implementar políticas públicas em localidades remotas. Criado em 1985, o Calha Norte utilizou mais de R$ 2 bilhões, e outros R$ 626 milhões serão investidos em obras de infraestrutura, sobretudo escolas, creches, pontes, pavimentação de estradas e implantação de sistema de rede elétrica e iluminação pública. Os recursos do programa são provenientes, em grande parte, de emendas parlamentares.
Entre as iniciativas do programa está a construção de centros voltados para a promoção de educação, esporte, saúde e assistência social. De acordo com o Ministério da Defesa, até o fim de 2022, o programa estará presente em 619 municípios.
“Nossa equipe está motivada e sabe bem o significado de uma escolinha, com duas salas de aula, banheiro e cozinha, para uma pequena comunidade. Ou uma quadra poliesportiva em uma cidade que só tem aquela obra em alvenaria, que serve não apenas para a prática de esportes, mas também é um local de reuniões, batizado, aniversário e casamento das pessoas que vivem naquela comunidade”, analisa o general Ubiratan Poty, diretor do Programa Calha Norte.
Centro de convivência para idosos
Em Rio Preto da Eva, cidade a aproximadamente 80 km de Manaus e com cerca de 35 mil habitantes, os recursos destinados ao programa possibilitaram a construção de um centro de convivência de idosos. Em torno de 400 pessoas são atendidas no local, que oferece aulas de alfabetização, educação física e arte, além de disponibilizar uma equipe de assistência social.
“Esse local é muito importante para a nossa comunidade. Recebemos idosos que moram na parte urbana, mas também atendemos os que vivem na zona rural e não podem vir até aqui. Fazer esse trabalho é gratificante. Percebemos no rosto de cada um deles a alegria de estar se exercitando, fazendo alguma pintura ou aprendendo a ler e escrever. Eles fazem a festa, dançam, comem. É muito bom”, afirma Ana Reis, coordenadora do centro.
O pedreiro Carlos Augusto Fernandes, 62 anos, costuma ser um dos primeiros a chegar para as atividades do centro de convivência. “Comecei a trabalhar muito cedo, com 14 anos, e também formei minha família muito jovem. Com isso, acabei deixando os estudos de lado. Só completei até a 6ª série [hoje 7º ano do ensino fundamental]. Por isso, quero elevar os meus estudos”, afirma.
Maria Erlandia da Cunha, 65, afirma que se sente acolhida. "Tenho uma irmã que não está bem de saúde, e os profissionais do centro sempre fazem uma visita para dar apoio. Quando alguém está com dificuldade financeira, elas também ajudam. Isso faz a diferença. Aqui, me muito feliz”, garante, com lágrimas nos olhos.
Comunidade unida
Além do centro de convivência, Rio Preto da Eva tem um espaço social construído com recursos do Calha Norte, onde os idosos podem participar de atividades socioeducativas e oficinas de aprendizagem. O local também conta com programas para mulheres e crianças.
“O centro social é de grande relevância para a comunidade. Antes da inauguração dele, não tínhamos nenhum espaço para realizar atividades com os moradores, que estavam desassistidos. Mas, depois da construção, tudo mudou. Passamos a fazer diversas ações comunitárias, e isso aproximou as pessoas do município. Foi uma verdadeira transformação”, comemora Alessandra Rabelo, coordenadora do espaço.
José Antônio dos Santos, 72, também destaca o acolhimento que sente nas atividades do centro para idosos. "Aqui, eu só recebo carinho. Todos se preocupam comigo. Isso faz com que eu não me sinta sozinho. Isso aquece o meu coração e me faz ter ainda mais vontade para viver”, comenta.