Queda de dados de emprego não é 'mudança relevante', diz Guedes
Revisões apuradas pelo R7 mostram que a geração de empregos de 2020 foi 46,8% menor do que o divulgado pela equipe econômica
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
O ministro da Economia, Paulo Guedes, minimizou a revisão dos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que derrubou os números de geração de emprego em 2020 e 2021. Segundo ele, a queda não representa uma "mudança relevante".
O R7 mostrou que a atualização gerou uma redução pela metade no saldo de geração de empregos formais em 2020 — derrubando de 142.690 para 75.883 o saldo de vagas abertas — e 46 mil empregos a menos em 2021. "Não há mudança relevante em criar 50 mil [postos de trabalho] a menos", argumentou Guedes, ressaltando que o Brasil criou "3 milhões de empregos desde a pandemia".
Na fala, proferida durante palestra na Conferência de Comércio Internacional e Serviços do Mercosul, nesta sexta-feira (5), Guedes se defendeu dizendo que o "erro do Caged não é culpa do governo". O que houve, segundo ele, foi uma atualização de dados represados.
Em janeiro de 2020, o Ministério da Economia anunciou a criação líquida de mais de 142 mil empregos, mas, com os dados apresentados represados pelas empresas ao longo de 2021 e atualizados pelo painel do Caged, o que se observa é que o número cai para pouco mais de 75 mil.
A maior diferença registrada entre os dados divulgados e os atualizados foi de 177,2%, referente ao mês de junho de 2020. No período, foi comunicado que o Brasil havia cortado 10.984 postos formais de trabalho, mas, na verdade, a perda foi ainda maior, de 30.448 vagas.
Na visão do ministro, a tendência de alta no mercado formal se mantém e, mesmo no mercado internacional, o país tem se posicionado melhor do que economias desenvolvidas em termos de crescimentos.
"Não tivemos a desorganização da cadeia produtiva que tem impactado países avançados", disse o ministro, completando que o desempenho está "muito acima do esperado e anunciado".
Como medida para enfrentar a interrupção das cadeias produtivas em razão da crise econômica mundial, Guedes anunciou que deve formalizar, em breve, a redução na Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul.
"Nossa expectativa é anunciarmos, nos próximos dias, a redução de 10% nas tarifas em toda a economia, 87% dos serviços brasileiros. Vamos reduzir essa tarifa com a ajuda dos irmãos argentinos, paraguaios e a compreensão dos uruguaios". Segundo o economista, esse é um primeiro passo na direção da modernização do Mercosul e vai contribuir para "aumentar a integração com a economia global".
PEC dos Precatórios
Durante a participação na conferência, promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, Guedes aproveitou para defender a PEC dos Precatórios, proposta que foi aprovada em primeiro turno pela Câmara, mas com diferença de quatro votos. O ministro se opunha a comprometer a responsabilidade fiscal com a alternativa de furar o teto de gastos, mas, nas últimas semanas, admitiu a possibilidade, em meio aos entraves para aprovar a PEC.
Guedes argumentou que é necessário submeter ao teto de gastos as dívidas da União com decisões em trânsito em julgado. "Para respeitar o comando do Legislativo, que é o teto, precisamos de uma ajuda do Judiciário, que é justamente submetermos também ao teto essas despesas e darmos exequibilidade nos orçamentos e previsibilidade aos gastos públicos."
O ministro ainda justificou que as dívidas que ficarem acima do teto serão liquidadas no ano seguinte ou podem ser alvo de negociações entre as partes, com ofertas oferecidas com ferramentas "de privatizações, concesões, compra de imóveis, leilão de petróleo, de aeroportos". "Toda a transformação do Estado brasileiro pode ser acelerada na esteira dessas moedas de privatização que passam a vigorar através dessa PEC dos Precatórios."